;O Brasil anda vendo o Brasil de outra forma. A gente começa a entender a dimensão deste país continental que é nosso. Por isso, a vontade de mostrar os lugares que as pessoas não veem normalmente. Eram pontos um pouco colocados de lado, por ter se pensado muito nos dramas psicológicos das cidades, num plano existencial;, observa a diretora Malu de Martino, diante de painel peculiar do recente cinema brasileiro. No que ela ; à frente do documentário Margaret Mee e a flor da lua, em cartaz ; percebe, há certo retorno a estratégias do cinema novo, capaz de desbravar parte da ;dimensão continental do Brasil;. Nada menos do que sete longas exibidos nas últimas três semanas, na capital, acatam um alargamento de fronteiras, em termos de cenário. Confira abaixo a série de diretores que apostou em linha similar à integrada por Reginaldo Faria e Daniel Solá Santiago, respectivamente, responsáveis por O carteiro e Coração do Brasil, dois longas nada urbanos que, recentemente, também passaram pela capital.
Tribo global
;Apesar de Homem de Ferro 3, nosso filme (Uma história de amor e fúria) tem seguido na resistência. Há sucesso, sim, mas como filme de nicho. Ele está aguentando, com público superior a 30 mil espectadores;, comemora o diretor Luiz Bolognesi. Na contramão do projeto que o lançou, Cine Mambembe ; O cinema descobre o Brasil ; composto pela exibição, por seis meses, de 12 curtas pelo interior do país ;, a atual animação (com quatro tramas interligadas) desperta o interesse forte de projeção no exterior, nos festivais de Annecy (França) e Xangai (China) e em evento no Central Park nova-iorquino. ;Em 10 dias, vamos representar o Brasil muito fora da linha de ufanismo;, celebra.
Tratando de índios e de história do Brasil (numa etapa da fita, por exemplo, há a Balaiada, no Maranhão), Bolognesi se vê como uma espécie de sertanista do audiovisual. ;Há uma busca de profundidade, no gesto de olhar para o interior, para dentro. Milton (Nascimento) canta o ;ficar de frente para o mar, de costas pro Brasil;. Quando artistas buscam a identidade, o ;de quem somos nós;, há muito do ;de onde viemos;. É saudável o olhar para o interior e para o âmago;, argumenta.