Diversão e Arte

Conheça o Zé do Caixão: maior representante do terror brasileiro

Em alta produtividade, o maior representante brasileiro do terror recebe láureas internacionais, estrela filme e serve de tema para série de tevê

Ricardo Daehn
postado em 01/06/2013 10:45
Apesar do sucesso, nem tudo se resume à celebração: feito há cinco anos , Encarnação do demônio não chegou às salas

Aos 77 anos, o diretor José Mojica Marins, o Zé do Caixão, incansável na manipulação de pragas, temores e planos cinematográficos, não passa ileso, quando a varinha de condão ; ou melhor o diabólico tridente ; volta para si mesmo. Na vida real, existiria conexão entre o cineasta e o pavor? ;Medo, de verdade, eu sempre tive do dia seguinte. Isso, por eu nunca saber o que vai acontecer;, entrega. Também pudera: pela sétima arte, Mojica encara ;qualquer coisa;. No recente Encarnação do demônio, ele, que não consegue dormir num quarto dividido com uma aranha que seja, foi coberto por mais de 100 caranguejeiras. ;Entraram por toda parte, passaram sobre meus olhos; e fiz isso, normal, pelo cinema;, enfatiza, sem esconder uma pontada de pânico.

Ao fim deste ano, pouco depois de passar por ;homenagens muito grandes; no Texas e no México, o cineasta, ator e roteirista terá pela frente mais celebração: ;Realizado em 1963, À meia-noite levarei sua alma completará 50 anos, são 50 anos de Zé do Caixão. Aliás, não tenho lembrança de um personagem mantido por tanto tempo. Nasci com muita força física e uma mente evoluída. Isso me mantém num pedestal;, observa. A idade chega para esse ex-morador de subúrbio em São Paulo como um dom: além da apresentação do televisivo O estranho mundo de Zé do Caixão, Mojica ainda está a postos com as filmagens, a partir de hoje, do curta Carniçal ; ;Tem cenas, realmente, de canibalismo muito forte;, entusiasma-se ;, e estrelará, em breve, seis episódios de telessérie em torno de si, em proposta de André Barcinsky, autor de Maldito ; A vida e o cinema de José Mojica Marins, anteriormente, transformado em documentário.


Longe de vaidades, o personificador de Zé do Caixão é pragmático. ;Origem do terror é comigo, mesmo. Não tem outro, né? Já pus até anúncio, há uns seis anos, em jornais visando a um sucessor. Veio muita gente, mas os elementos buscaram uma aproximação pela semelhança física e não intelectual. Eles não sabiam, por exemplo, sair de uma situação difícil. Minha força foi ter enfrentado, numa época, o Esquadrão da Morte, a ditadura, e ser safo. Acabei elogiado pelos grandes como o Glauber Rocha, Luís Sérgio Person, Rogério Sganzerla e Julio Bressane. Puseram-me lá em cima. Na época, via como exagero. Mas não aparecia ; nem aparece ; outro. Fico até triste de, se um dia eu partir, o Brasil ficar sem um outro;, comenta.

Em alta produtividade, o maior representante brasileiro do terror recebe láureas internacionais, estrela filme e serve de tema para série de tevê

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