Entre os meses de julho e agosto, quando a estiagem transforma a paisagem de Brasília em um bonito deserto, a equipe de O último Cine Drive-in enfrentará a baixa umidade no set do filme que marca a estreia em longas-metragens do cineasta brasiliense Iberê Carvalho (Para pedir perdão). O título faz alusão ao último cinema do tipo no Brasil, aquele que resiste bravamente atrás do autódromo de Brasília e que também servirá como locação ao filme de ficção.
O processo entre a concepção original e a concretização da ideia começou há três anos, quando Carvalho assistiu ao filme À prova de morte, de Quentin Tarantino, dentro do cinema sem assentos, aberto apenas para carros. ;Fizemos o possível para pensar num roteiro simples, centrado na relação dos personagens. A cada nova versão (escrita em parceria com Zé Pedro Gollo), limpávamos mais excessos;, comenta o diretor e roteirista. O script, atualmente no oitavo tratamento, ganhou os editais de longas-metragens do Fundo de Apoio à Cultura (Fac) e de baixo orçamento da Petrobras, que somados chegam à casa de R$ 1 milhão.
Entre a escrita do roteiro, a disputa em editais e o início das filmagens, marcado para o começo de julho, a produção ganhou um aliado de peso. Na tela, o intérprete cinemanovista e ator veterano Othon Bastos será Almeida, o dono do Drive-in. Nos bastidores, Bastos é produtor associado do filme. ;Othon não me conhecia, nunca tinha ouvido falar de mim. Quando leu o roteiro, não só topou participar como ator, como fez questão de ser produtor;, conta Carvalho. Almeida é tão apaixonado pela sétima arte que deu ao filho o nome de Marlombrando, referência ao eterno Marlon Brando, rebelde de Hollywood morto em 2004.