O frio de 12 graus e as festas juninas que se espalhavam pela cidade não impediram que 50 mil pessoas fossem ao velho Estádio Mané Garrincha na noite de 18 de junho de 1988. A maioria estava ali preparada para uma grande celebração. Aquela multidão ; nunca antes reunida em ambiente fechado na capital ;, vinda de todas as partes do Distrito Federal, aguardava a apresentação da banda que que colocou Brasília, de vez, no mapa da música brasileira. Havia uma grande ansiedade pelo show Que país é este, da Legião Urbana, em plena era Sarney, governo desgastado por planos econômicos falidos.
Aquele concerto entrou para a história do rock nacional por diferentes motivos. Foi a última vez que a Legião tocou para os brasilienses; houve um badernaço no local, que se espalhou pelo Eixo Monumental e adjacências, que levou 400 pessoas a receberem atendimento médico, e houve apedrejamento de 14 ônibus. No dia seguinte, muros de um posto de gasolina próximo à quadra onde a família de Renato Russo morava, amanheceram pichados com a inscrição: ;Legião não voltem mais;.
Era a revolta de fãs da banda que deixaram o estádio no dia anterior, frustrados por assistir a um espetáculo com repertório reduzido e terem sido alvo da violência da polícia que tentava, à força, conter a reação daquela massa de descontentes, principalmente por uma série de acontecimentos anteriores, como a dificuldade de acesso às dependências do Mané Garrincha e o atraso de mais de duas horas para o início do show ; reza a lenda que muito da agitação teria sido planejada por não fãs da Legião que foram ao estádio com o intuito de criar deliberadamente confusão.
Confira alguns depoimentos
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