Diversão e Arte

Correio relembra a intensa relação de Itamar Assumpção com Brasília

Amanhã, faz dez anos da morte do compositor

postado em 11/06/2013 09:34

%u201COlha! Até cego vê que não sou capital%u2014ilha. E sim que sou um boeing pousado entre flores no cerrado, que sou Brasília%u201D Versos de Itamar AssumpçãoItamar Assumpção estava com as passagens de avião compradas, mas preferiu vir de carro. O ano era 2000 e aquela seria a última vez que o compositor paulista pisaria em Brasília. Quem lhe deu a carona foi o amigo Rubens Roberto dos Santos ; paulistano, professor de língua portuguesa e morador da capital federal há 30 anos. Rubinho, como é conhecido, dirigiu seu Cordoba verde por mil quilômetros. O passageiro ilustre veio no banco de trás. Eles mal se falaram. Itamar queria observar a transição da paisagem, que desaguaria no cerrado do Planalto Central. Antes de chegarem ao apartamento do anfitrião ; já exausto pelas horas de viagem;, Ita pediu que o amigo passasse em um supermercado para comprar vinho. Pedido atendido.

Itamar, acredite quem quiser, marginal até a última ponta, iria se despedir dos palcos brasilienses se apresentando em um shopping. Ele morreria em 2003, vítima de câncer no intestino. Amanhã, completam-se dez anos exatos. O artista, que tornou-se ícone da transgressora vanguarda paulista, tinha, para a surpresa de muitos, uma relação bem próxima com a capital federal ; sobretudo pelos amizades que fez aqui. Apesar de suas músicas darem a impressão do contrário, era um sujeito de gosto comum. ;Ele adorava o céu, as formas e a tranquilidade;, conta Rubinho.


Foram quase duas décadas de convivência entre Itamar e Brasília. A primeira vez que aportou por aqui, em setembro de 1983, estava acompanhado da banda Isca de Polícia, criada por ele, para três noites de shows no Teatro da Escola Parque. Lotação esgotada. Na cidade, impressionou-se com o talento da cantora Rosane Carneiro e do grupo Invoquei o Vocal e deixou boas sementes ; as adolescentes Cássia Eller e Zélia Duncan piravam no som do Nego Dito. ;;O público dessa cidade tem o pensamento bem aberto, um dos mais avançados do país. É gente que sabe encarar o novo;;, disse Itamar ao Correio, já nos anos 1990.

Amanhã, faz dez anos da morte do compositor

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