postado em 13/06/2013 06:07
Nem só as batidas pesadas do rock reverberam com vigor em Brasília. Entre os outros sons, a capital do país produz seguidas gerações de bandas de reggae há quatro décadas. Grupos surgidos no Planalto Central, a exemplo de Natiruts, adicionaram às marcadas referências dos precursores jamaicanos elementos de outras vertentes, do dub à MPB. Músicos daqui acreditam que o estudo do ritmo torna as bandas brasilienses exigentes quanto ao próprio trabalho, o que levou a produção local a ganhar espaço, sobretudo na cena independente.
Se alguém pode ser apontado como o pioneiro do reggae por essas bandas, é . Na infância, conheceu o ritmo no interior de navios que atracavam no porto de Salvador, terra natal do músico. Equipamentos das embarcações, vindas de todo o mundo, captavam frequências internacionais, jamaicanas incluídas. ;Comecei ouvindo Fats Domino, depois Jimmy Cliff. Quando Bob Marley apareceu, foi a novidade, por causa dos arranjos;, recorda ele, aos 61 anos. Mesmo tocando reggae na Bahia, Matos viu-se deslocado ao vir para Brasília, em 1974, onde o gênero ainda era estranho.
;Na época, ninguém conhecia a música ou a cultura;, conta ele, que, em 1980, gravou o disco Grande Circular. Passadas três décadas, Matos segue como referência para grupos locais, mas encontra dificuldades em distinguir traços do reggae brasiliense daquele produzido em outros cantos do país, devido ao apego às origens do ritmo. ;No rock, pode-se sentir o que é feito aqui. Mas, no reggae, nosso trabalho com mais personalidade é o do Natiruts;, opina, ao elogiar também Jah Live e Maskavo.