Diversão e Arte

Em entrevista, Volmi Batista faz duras críticas à música sertaneja

Ele não poupa adjetivos duros a esse gênero. "É inadmissível esses caras se intitularem sertanejos"

José Carlos Vieira, Igor Silveira
postado em 16/06/2013 09:46
Ele não poupa adjetivos duros a esse gênero.

É um caso de polícia o avanço dessa música sertaneja comercial! A dura crítica vem de um dos principais nomes da música de raiz, o produtor Volmi Batista. Ele não poupa adjetivos duros a esse gênero. "É inadmissível esses caras se intitularem sertanejos." Em uma conversa com o Diversão & Arte, Volmi mapeia o cenário da música caipira no DF e no Entorno, destaca a atuação do Clube do Violeiro para preservar a cultura popular e convida o leitor para o Encontro de Violeiros, que acontecerá na próxima semana, em Brazlândia.

Quando você chegou a Brasília?
Eu cheguei em 1971, com 14 anos de idade, vindo de Coromandel (MG), de onde saí aos 11. Pobre tem que sair pulando de uma cidade para outra até chegar ao objetivo (risos). Morei em Vazante (MG), depois em Paracatu (MG) e só depois consegui chegar a Brasília.

Você já tinha algum envolvimento com música nessa época? Qual foi o primeiro contato com música?
No interior, a gente sempre tem. Descobri logo cedo essa ligação com a cultura popular, não só em relação à música, mas com a cultura de maneira geral, desde criança, quando morava em fazenda. Até os 7 anos vivi na roça. Fui conhecer cidade quando me mandaram estudar. A fazenda onde eu morava servia de pousada de folias de reis; para grupos de foliões que passavam por lá. Minha avó era uma animadora de festas, chamavam ela para animar as celebrações da região. Ela nunca tocou nenhum instrumento, só cantava. Descobri mesmo que tinha ligação com a cultura popular quando comecei a frequentar circos que vinham para a minha cidade, por lá passavam muitos artistas, principalmente as duplas caipiras, e fui sentindo que tinha uma ligação com aquele tipo de manifestação. Mas só pude ter contato com instrumentos musicais e com música propriamente dita em Brasília.

Hoje você já se considera um violeiro ou é apenas um apaixonado pelo instrumento?
Quando cheguei a Brasília, precisamente em Taguatinga, o Bar do Kareka, no centro da cidade, era um ponto de encontro das manifestações culturais não só de Taguatinga, mas também de Brasília. Por sorte, fui morar perto do Sesi, na QNF, que abrigava muitas iniciativas culturais. Lá, tive contato com teatro e por incrível que pareça ; como eu passei 15 anos sem voltar a Minas ;, acabei formando uma ligação com a cultura nordestina. Comecei a tocar violão e cantar músicas daquela região; Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro e depois Zé Ramalho. Só na década de 1980, que comecei a ter um contato mais efetivo com a viola em si, que foi quando Roberto Corrêa criou o curso de viola caipira na Escola de Música de Brasília. Na verdade, eu já estava voltando às minhas origens e encontrando a viola; origens de Minas Gerais, sem dúvida. A viola é a base da nossa cultura musical do Centro-Sul do Brasil.

Ele não poupa adjetivos duros a esse gênero.

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