postado em 05/07/2013 08:53
Paraty - No momento em que o cantor e compositor baiano Gilberto Gil concedia uma entrevista na tarde desta quinta-feira (4/7) na Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), uma asa-delta com a palavra Paz sobrevoava o céu da cidade fluminense. E era exatamente isso que o artista baiano mais queria. Tanto é que na primeira pergunta da coletiva que Gil concedeu para lançar sua biografia, evitou entrar em polêmicas. "Não vim aqui falar sobre manifestação. Vim falar sobre o meu livro. Mas é natural as pessoas protestarem, seja sobre qualquer assunto. Isso faz parte da história das sociedades", limitou-se a dizer.
Neves
Gil também não quis opinar sobre a atual política cultural do país e foi logo tratando de dizer que não é político e nem ligado ao governo. "Sou um cidadão, mas não ando com tempo de acompanhar essas questões. Viajo muito, faço shows. Tenho muita coisa pra fazer", ressaltou.
Então, vamos falar de literatura. O ex-ministro da Cultura, fã ardoroso dos livros, declarou que no momento não tem nenhum livro em sua cabeceira, e que o ultimo que leu foi a antologia de poesias do amigo Paulo Leminski. "Agora que vou passar um mês numa turnê na Europa, com certeza quero ler muito", afirmou.
[SAIBAMAIS] Ao lado da escritora Regina Zappa, o cantor acaba de lançar sua autobiografia, ;Gilberto bem perto;, que segundo ele, são ;retratos de um homem que envelheceu;. "Pra falar a verdade, nunca tive esse anseio de lançar minhas memórias. O interesse é das pessoas. Querem transformar o milho em pipoca e saborear minhas memórias. É até interessante a gente repensar, reviver os momentos e gostei do resultado. Mas acho que minha vida nem merecia ser contada", brincou.
Gilberto Gil também deu uma alfinetada na Copa do Mundo e questionou a ausência de pobres e pretos nas arquibancadas dos estádios durante a Copa das Confederações. O baiano se preocupou com essa questão e declarou até ser a favor de cotas para o povo menos favorec"ido. Temos que mostrar esse arco-iris que é o Brasil. Fui ao Maracanã domingo e não parece o maracanã de sempre. Nada contra a classe média, mas historicamente, quem lotava os estádios era justamente o povão. E é de lá, inclusive, que vêm os próprios jogadores. Alguma coisa tem que ser feita para o ano que vem", frisou.