Os olhos do mundo voltam-se com frequência para os conflitos entre árabes e judeus, que se estendem por décadas e são marcados por raízes culturais fortes. A disputa territorial travada entre Israel e Palestina no Oriente Médio possui importante significado religioso e mobiliza homens e mulheres de todas as idades. No entanto, a produção literária nos dois países mostra que os conflitos também podem moldar o olhar e apresentar o lado de testemunhas e personagens da guerra. O Correio selecionou seis exemplos, que trazem relatos do ponto de vista pessoal de mulheres sobre a tensa situação na região.
Palestina
Sharon e minha sogra - Diários de guerra de Ramallah, Palestina
Quando precisou conviver 34 dias com a sogra no período de reclusão involuntária e sob a angústia do toque de recolher, a escritora palestina Suad Amiry apurou os sentidos e fez registros sobre o sentimento palestino de querer ser livre, a resistência à ocupação e o papel da mulher na busca pela paz. Símbolo da desobediência civil à pressão imposta pela ocupação israelense às famílias, a sogra de Suad representa o povo palestino, que insiste em manter a rotina. A autora apresenta o equilíbrio de poder entre dois lados: a força militar de Ariel Sharon e a persistência palestina.
Sharon e minha sogra - Diários de guerra de Ramallah, Palestina foi publicado em 2004 e traduzido para 19 idiomas. A edição italiana recebeu o Prêmio Viareggio, na Itália, e a versão em árabe foi best-seller na França. Suad faz um relato pontual acerca da ausência de normalidade e a falta de controle sobre a própria vida. O cotidiano palestino é abalado pela ocupação, e Ramallah transforma-se em prisão.
Confira os livros
1 - Alguém para correr comigo: Best - seller em Israel, o romance relata a história de jovens que vivem nas ruas de Jerusalém. A narrativa combina elementos do realismo a um tratamento fabular inventivo. De David Grossman. Companhia das Letras, R$ 57
2 - Caminhos Palestinos: O autor, advogado por formação, descreve as mudanças causadas pela invasão de assentamentos israelenses, legais ou clandestinos, na paisagem dos arredores de Ramallah. O aumento da tensão, a violência no ar e a mudança nos pontos de referência geográficos, com o fim de riachos e a erradicação de culturas pertencentes a palestinos. De Raja Shehadeh, Record, R$ 39,90
3 - Meu Michel: Lançado em Israel em 1968 e reeditado agora no Brasil com nova tradução, Meu Michel é o retrato magistral de uma mulher que desliza lentamente para a névoa do delírio esquizofrênico, na Jerusalém da década de 1960. De Amós Oz. Companhia das Letras, R$ 49
4 - Mordechai;s mustache and his wife;s cats and other stories (sem tradução): Coleção de pequenas histórias sobre o dia-a-dia de um palestino que mora em Jerusalém. Para impressionar um motorista de ônibus israelense, ele inventa pequenas histórias de parentesco e de amizade com ídolos estrangeiros, entre eles a cantora Shakira e o jogador Ronaldo Fenômeno. De Mahmoud Shukair. Interlink Books, R$ 47,60
5 - Novelas de Jerusalém: Coletânea multifacetada de contos que apresenta a perda da fé e a ortodoxia, simultaneamente, além de retratar as raízes e identidade do Judaísmo. De Agnon. Perspectiva, R$ 32,00
6 - The Inheritance (sem tradução) - Zeynab, a protagonista, é filha de pai palestino e mãe americana e retorna para a Cisjordânia em busca de sua identidade durante os difíceis momentos da Primeira Guerra do Golfo, quando cidades israelenses foram atacadas por mísseis iraquianos. A autora foi aclamada pela crítica como ;a Virgínia Woolf palestina;. De Sahar Kalifeh, American University in Cairo Press, US$ 22,95 (disponível apenas por importação)