"Seria desejável que os músicos brasileiros se dessem conta da importância de seus compositores de tangos, maxixes, sambas e cateretês, como (Marcello) Tupynambá e (Ernesto) Nazareth". A sugestão veio do francês Darius Milhaud, em sua autobiografia. "A riqueza rítmica, a fantasia sempre renovada, a verve, o impulso, a prodigiosa invenção melódica que se encontra em cada obra desses dois mestres faz deles a glória e a joia da arte brasileira;, escreveu o compositor em seguida. Nazareth, autor de Odeon, conseguiu seu lugar de honra na cultura nacional. Tupynambá, morto há 60 anos, ainda não.
Na primeira metade do século passado, o pianista e violinista paulista era um dos compositores mais gravados do país, por nomes como Pixinguinha, Francisco Alves, Inezita Barroso e Vicente Celestino. Contudo, hoje, é quase um desconhecido. O pianista e pesquisador brasiliense Alexandre Dias quer mudar essa história. Há cerca de três anos, ele e o bisneto de Tupynambá, Marcelo Leandro, iniciaram um resgate da obra do compositor. Parte do material foi disponibilizado este ano no site www.marcellotupynamba.com.
No portal, há um catálogo que lista 350 peças e canções dele, além das gravações recebidas - cerca de 200. "Este site é apenas uma base para o que a gente pretende fazer, que é algo muito maior e que vai resgatar a obra dele de uma vez", diz Alexandre. Segundo o estudioso, também um dos maiores pesquisadores sobre o legado de Ernesto Nazareth, a obra de Tupynambá não é tão difundida porque as partituras das composições não estão disponíveis. Ele e o herdeiro, entretanto, já reuniram várias e aguardam questões ligadas a direitos autorais e patrocínio para colocá-las na rede.
Ouça Alexandre Dias tocando peça de Tupynambá
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