Diversão e Arte

Com quase seis décadas, Ferreira Gular terá toda a obra relançada

Os três primeiros volumes do poeta maranhense já estão nas livrarias

Nahima Maciel
postado em 25/07/2013 09:51

Na época da ditadura militar, o poeta foi obrigado a partir para o exílio em países como Rússia, Peru, Chile e Argentina, antes de retornar ao Brasil

Poema sujo, Muitas vozes e Em alguma parte alguma, obras de Ferreira Gullar, receberam nova roupagem da editora José Olympio e chegaram às prateleiras. O pacote ganhou novas apresentações e tratamento gráfico diferenciado, formando um conjunto coeso e um início de coleção. Até setembro, chegam, também, às lojas Dentro da noite veloz, A luta corporal e Barulhos. A editora vai relançar toda a obra do poeta, incluindo os ensaios e peças de teatro. Primeiro, é a vez dos poemas, publicados em volumes separados e em caixa. No ano que vem, Gullar completa 84 anos de vida e 60 de trajetória poética, data que a José Olympio quer comemorar com o volume Toda poesia. ;Se você olhar, nos últimos 60 anos, os fatos mais importantes das áreas social, política e cultural, o Gullar estava lá. Ele é de um vigor incrível;, explica Maria Amélia Mello, diretora da José Olympio, que contratou o crítico Augusto Sérgio Bastos como curador da coleção. Ele ficou responsável por cotejar dezenas de edições dos livros de Gullar e corrigir eventuais erros gráficos que se perpetuaram em volumes antigos.



Poema sujo é e sempre será o ponto de partida para um mergulho na obra do maranhense. Não são os primeiros versos de Gullar, mas estão entre os mais viscerais. Escrito no exílio, em 1975, nasceu em forma de testamento sofrido e fruto do medo diante da real possibilidade da morte. Gullar havia voltado de anos de exílio em Moscou, no Chile e no Peru, mas, diante da violência da ditadura brasileira, decidiu se refugiar em Buenos Aires. Um ano depois, os militares tomaram o poder na Argentina, e a perseguição voltou a rondar o cotidiano de Gullar. No prefácio de Poema sujo, ele fala do pavor constante de desaparecer, enquanto amigos sumiam repentinamente e corpos apareciam dinamitados ao lado do aeroporto de Ezeiza. ;Acho que ele é atual pelo fato de que estou frequentemente encontrando pessoas jovens que leem o Poema sujo e que vêm me falar dele. A crítica considera o poema como uma coisa que está aí presente e os jovens leem muito, é a prova de que há leitores para ele;, diz Gullar.

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