Diversão e Arte

Cantora Adriana Calcanhoto lança coletânea de poemas dirigidos às crianças

A compositora gaúcha decidiu investir na literatura infantil

postado em 31/07/2013 09:19

Foi Carlos Drummond de Andrade quem provocou a primeira faísca na mente de Adriana Calcanhotto. Em A educação do ser poético, o escritor mineiro questiona os motivos que levam as crianças a deixar de lado a verve poética ao longo da vida. Adriana não responde. ;O importante é a pergunta;, argumenta. A reação à indagação veio em forma de livro. Antologia ilustrada da poesia brasileira, que acaba de chegar às livrarias, reúne textos selecionados e ilustrados pela cantora. Mais um trabalho de uma artista que canta, escreve, desenha e, agora, declama.

Contrariando as antologias tradicionais, Adriana optou pela ordem cronológica. A seleção inicia em 1846, com Canção do exílio, de Gonçalves Dias, e segue até 2008, com a inusitada escolha do humorista Gregório Duvivier, que assina Receita para um dálmata. Entre o ponto de chegada e o de partida, passam Olavo Bilac, Mário de Andrade, Mario Quintana, João Cabral de Melo Neto, Ferreira Gullar, entre outros.

Manuel Bandeira e Cecilia Meirelles ficaram de fora, por imbróglios autorais, mas foram reverenciados com um agradecimento ao fim do livro. O poetinha Vinicius de Moraes ganhou a dedicatória. ;Feliz em lançar o livro no ano de seu centenário;, disse.



Além de exaltar o amor pela poesia, a cantora aproveitou a oportunidade para exercer a faceta de ilustradora. Os lúdicos desenhos que acompanham cada um dos poemas facilitam a interação entre as crianças leitoras e os textos. Apesar da atmosfera infantil que circunda a obra, Adriana adverte: ;O livro se destina às crianças de todas as idades;. Sem restrições.


Como surge a ideia de coletar e ilustrar poemas?


Na verdade, eu sentia falta desse livro. Uma coletânea de grandes poetas que escreveram para crianças. Não necessariamente escrito para elas, mas de quem possam gostar. Não é uma questão de entender. Procurava por esse livro e não encontrava. Achei algumas antologias que separavam os poemas por assunto. Preferi separar por ordem cronológica, que traz o eco de um poeta em outro, de uma geração na outra. As rupturas, os retornos. No fundo, fiz esse livro porque queria tê-lo para mim (risos). Então, compartilhei.

Foi a primeira empreitada pelo gênero?


Eu já tinha feito uma coisa parecida, ao ilustrar O poeta aprendiz, um poema de Vinicius (de Moraes) emblemático, que depois virou uma canção. Enquanto canção ganhou ares mais lúdicos, embora Vinicius e Toquinho tenham a gravado em um álbum ;adulto;. De qualquer forma, sempre achei que essa música falava com as crianças, falava comigo. Fiz esse trabalho, pois acredito que quanto antes se entra em contato com a poesia, melhor. Quando você, muito novo, decora um poema, aprende, mesmo que ainda não tenha acesso a todas as ;camadas;, você passa a carregar aquela voz poética, para sempre.

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