Ricardo Daehn, Rebeca Oliveira
postado em 26/08/2013 12:16
Numa maratona que contabilizou quase 100 mil pessoas empenhadas, ao longo de duas noites, em quase 17 horas de samba e pagode, a segunda edição do Samba Brasília terminou na madrugada de ontem(25/8). Enquanto a primeira noite se mostrou mais do que promissora, com destaque absoluto para a expressividade de Arlindo Cruz, a segunda noite trouxe time que empolgou quase 60 mil pessoas, na área externa do Estádio Nacional de Brasília. Carreiras consolidadas como as do Só pra Contrariar, em triunfal retorno, e do Fundo de Quintal, quase quarentão, foram alvo de celebração.
"Hoje (na segunda noite da festa) tá bem diferente: os artistas estão interagindo mais com a galera e tudo ficou mil vezes mais animado", comentou a estudante de publicidade do Iesb Nathália Vitorino, 19 anos. Ela deu o exemplo firme da persistência: no sábado, chegou em casa às 6h e acordou quatro horas depois, para trabalhar. Às 18h, estava a postos para a segunda noitada. O bônus veio com o show de Thiaguinho, o terceiro escalado, com presença muito comentada. "Ele impressiona pelas coreografias e pelos efeitos especiais; tudo muito elaborado, visualmente", observou. Leonardo Reis, 22 anos, engrossou a animação com o paulista, sem esconder o cansaço de comparecer ao nono show do evento.
Péricles abriu a noite de sábado e anunciou novidade: em breve, estará lançando seu segundo DVD. "Esse momento é histórico e inesquecível", afirmou, diante do coro mobilizado pelo público. Ele sublinhou, em comentários no palco, a eterna sintonia com Thiaguinho, mantida desde à época do extinto grupo Exaltasamba. No repertório, Péricles homenageou Jorge Aragão, ao entoar Eu e você sempre. Mumuzinho continuou a festa com a música Te amo, seguida por outras canções que o tornam uma das maiores revelações do samba. O cantor improvisou e lembrou de Alcione com o clássico Não deixe o samba morrer. A nova música de trabalho, Fala, também foi ressaltada.
Muito aguardado, o cantor Thiaguinho não poupou hits, como Leite Condensado. Contagiado pela plateia, comemorou: "Que festa linda, Brasília! Me faz lembrar coisas lindas que vivi nessa cidade". Uma fã afoita (contida por seguranças) deu vida, ao invadir o palco, pro tema de Ousadia e alegria, cantado em seguida ao episódio. Num samba com misto de pegada eletrônica e pontuado por funk, Thiaguinho convidou o público pra festa. Desencana e Eu sou o cara para você foram alguns dos atrativos para o êxtase do público. Em meio à chuva de pétalas de rosas, a plateia ouviu Buquê de flores, no encerramento. Foi uma verdadeira realização para a estudante Brenda Rodrigues. Aos 18 anos recém-completados, Brenda, cumpriu os desejos simultâneos da primeira saída sozinha e da presença no primeiro show, justo o de Thiaguinho.
Com o evento, Brasília foi uma das primeiras cidades a receberem o retorno aos palcos do Só pra Contrariar, com o ídolo vocalista, desde os anos 90, Alexandre Pires. O SPC começou o show com O samba não tem fronteiras, seguido por Te amar sem medo, Você virou saudade e Tá por fora. Nostalgia e fôlego inabalável ocuparam o palco. Na celebração dos anos 90 ; "generosos com o samba e o pagode", como disse Pires ; um pot-pourri trouxe sucessos do Katinguelê, Molejo e Raça Negra. Alexandre Pires conclamou ; "Vamos trazer Minas Gerais pra cá" ;, antes de puxar da garganta Mineirinho, mesclado ao hit Sai da minha aba. "A galera cantando com o coração", comentou, no embate emocional da emenda de Essa tal liberdade e Depois do prazer.
Encerramento marcante
Pelo segundo ano consecutivo presente ao Samba Brasília, o estudante de Santa Maria Guilherme Santana, 20 anos, aplicou um bom montante (R$ 250), para estar no camarote. "Paguei mais caro, mas, pelo lugar melhor. A música e a pinga são o que mais valem. Encontrei de tudo, até mulher bonita", brincou, ao curtir o show do Jeito Moleque que, entre as inéditas do CD Viva a vida, incorporou Mas que nada (Jorge Ben). Na certeza de que o Sambô (com inovativa propota) faria o melhor show, Guilherme Santana garantia um bom posicionamento.
[SAIBAMAIS]O entusiasmo dos brasilienses com o Sambô veio em momentos como a versão para Pais e filhos (Legião Urbana), emoldurada pelos gestos largos do vocalista do Sambô San e das coregografias nas mãos do público. Com certa oscilação na potência, vieram as versões para sucessos eternizados por Maroon 5 (This love), Janis Joplin (Mercedes Benz) e Bob Marley (Three little birds). Quase até as 3h, foi possível conferir o pandeiro que ganhou vida própria, nas mãos de San.
No batidão de Eu só quero é ser feliz e Show das poderosas, na área eletrônica sob o comando do MC Koringa, o pai do hit Dança sensual foi bem prestigiado. Ameaçando concretizar o samba "até o sol raiar" (como demarcado no sucesso Chega pra sambar), o veterano grupo Fundo de Quintal assumiu a responsabilidade do desfecho, estendido até as 4h. Os sambistas Ronaldinho, Sereno e Bira Presidente vieram fervendo. "É samba à vera: não tem pula-pula, não", demarcou Ronaldinho. A animação brotou dos sucessos Facho de esperança, Fé em Deus, A amizade e Vou festejar.