Nas últimas duas semanas, 480 artistas subiram em 19 palcos espalhados pelo Distrito Federal. A 14; edição do Cena Contemporânea terminou no domingo com o dever cumprido. Restavam ainda oito peças em cartaz. Todas lotadas. Algumas conseguiram cadeiras extras de última hora e tiveram ingressos disputados, como Matéria-prima, da companhia espanhola La Tristura, que levou 500 pessoas à Martins Pena, no Teatro Nacional, na derradeira apresentação.
Depois de 13 dias e 25 espetáculos teatrais, alguns elementos recorrentes esboçam um termômetro final desta edição do Cena. O estudante universitário carioca Thyago Almeida ficou impressionado com a diversidade da programação: ;Assisti a peças em espanhol, inglês, francês e português, claro. Não me lembro de uma experiência no Rio parecida;, comparou. A namorada brasiliense, Carla Cerqueira, aproveitou a observação para adicionar um adendo: ;Para quem não domina os idiomas, as legendas não ajudam. Ficam distantes da cena. Além disso, observei erros de português;, criticou. ;Ou líamos as legendas, ou prestávamos atenção na peça. Conciliar era um desafio;, resumiu Thyago.
[SAIBAMAIS]
Altos e baixos
A professora de artes plásticas e pedagoga Mona Carvalho, de 35 anos, ficou decepcionada com alguns aspectos. A maioria deles, porém, não diz respeito à organização do evento, mas ao público: ;O festival serve como diagnóstico claro de que o brasiliense não sabe se portar no teatro: celulares ligados, pessoas atrasadas, falatórios durante as peças;, enumerou. A professora ainda ironizou algumas ;manias locais;: ;Em toda e qualquer peça, independentemente da qualidade, a plateia se levanta para aplaudir de pé. Não serve como parâmetro para ninguém. Como se fosse uma obrigação levantar ao fim;, alfinetou, sem hesitar.
Funcionou:
A diversidade da programação cênica
Os convidados musicais
A difusão pelas cidades do DF
Espetáculos de destaque:
Antes da chuva, da Cia. Cortejo (RJ)
Não funcionou:
As legendas dos espetáculos estrangeiros
Pouca oferta de ingressos
O comportamento do público
Peças que decepcionaram:
O duelo, da Mundana Cia. De Teatro (SP)
Breves entrevistas com homens hediondos, do Teatro Sarcáustico (RS)
A mulher que matou os peixes, de Bruno Bayen (França)
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