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Jornalista escreve livro sobre conclave que elegeu o papa Francisco

Em Segredos do Conclave, Gerson Camarotti também descreve o encontro que teve com o pontífice e trata dos novos rumos da Igreja

postado em 03/09/2013 09:00

O papa concedeu a entrevista durante visita ao Rio
Saber o que se passa na cabeça dos cardeais durante o processo de escolha de um papa pode ser tão difícil quanto conseguir uma entrevista exclusiva com o chefe máximo da Igreja Católica. O jornalista Gerson Camarotti alcançou as duas façanhas. Na verdade, uma acabou levando à outra. O livro Segredos do conclave, cuja primeira edição se esgotou dois dias depois de chegar às livrarias, foi produzido ao longo de oito anos, mas escrito em um mês. A pressa fez parte de uma estratégia para entregar o resultado ao papa Francisco antes de ele desembarcar no Brasil para a Jornada Mundial da Juventude, em julho deste ano.

As informações obtidas por Camarotti, que trabalhou no Correio e no Diario de Pernambuco, sobre a eleição mais secreta do mundo, serviram de cartão de visita para que o pontífice o recebesse no Rio de Janeiro. O encontro, previsto para durar 20 minutos, estendeu-se por quase uma hora. As respostas de Francisco ganharam mais repercussão do que muitos de seus discursos na passagem pelo país.

Na ocasião, o papa não só contou ao autor que estava lendo o livro, como fez questão de demonstrar a ele o espanto com a quantidade de informações privilegiadas destrinchadas na obra. ;Eu pensei: ;de onde é que tira tanta informação, este homem?;;, comentou, curioso, o líder religioso, antes de iniciar a gravação.



O encontro com o papa estava previsto para durar 20 minutos, mas estendeu-se por quase uma horaA íntegra da conversa com o papa e a negociação para que ela ocorresse estão na segunda edição do livro, que será lançada nesta terça-feira(3/9) em Brasília. Segredos do conclave, da editora Geração, traz a mesma dicotomia presente nas palavras de Francisco: é simples e profundo.

Confira trecho do livro
Jamais a Santa Sé seria a mesma depois daqueles dias surpreendentes, entre os meses de fevereiro e março de 2013. Foi possível acompanhar uma sequência de fatos inéditos que teve início com a decisão de Bento XVI de renunciar a seu pontificado. Isso não ocorria no Vaticano havia seis séculos. O gesto revolucionário de Bento XVI abriria espaço para a realização de mudanças que ele próprio não conseguiu fazer durante os oito anos que ficou à frente da Igreja.

Foram dias turbulentos na cúria romana, marcados por uma forte disputa de poder entre os cardeais. Vieram à tona novos escândalos de pedofilia. O cardeal de Edimburgo renunciou ao posto para evitar o desconforto dos colegas no Conclave. Em meio à crise envolvendo o Banco do Vaticano, foi escolhido às pressas um novo presidente para o Instituto para Obras Religiosas (IOR). Pouco antes, em dezembro de 2012, o papa já havia concedido o perdão a seu mordomo, que vazara os documentos secretos do Vaticano.

Foi nesse ambiente de águas agitadas, como registrou o próprio Bento XVI, que se realizou o Conclave que elegeu o papa Francisco. Fechados na Capela Sistina, os cardeais sinalizariam claramente um movimento de mudança na Santa Sé. Isso começou a ficar claro um pouco antes, já nas reuniões das congregações gerais. Os purpurados que chegavam dos continentes mais distantes cobravam transparência da cúria romana. Estavam assustados com o noticiário e queriam abrir a caixa%u2011preta do Vaticano.

Foi esse sentimento de mudança que permitiu que surgisse com força a candidatura do arcebispo de Buenos Aires, cardeal Jorge Mario Bergoglio.

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