Diversão e Arte

Em entrevista, filha de Chico Buarque comenta sobre participação em filme

Silvia Buarque participou das filmagens do longa Os pobres diabos, uma das atrações do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro

postado em 04/09/2013 08:23
Silvia Buarque, Chico Díaz e Gero Camilo em Os pobres diabos, dirigido por Rosemberg Cariri
Silvia Buarque cresceu em berço de ouro.Filha do compositor Chico Buarque e da atriz Marieta Severo, a garota nascida em Roma em 1969, durante o exílio dos pais na Itália, resolveu seguir carreira artística independente. O pedigree pode ter aberto portas, mas ergueu paredes ao redor da filha de artistas muito conhecidos no Brasil. Aos 44 anos, 27 de carreira, Silvia acredita ter se desvencilhado das associações parentais. Uma das táticas utilizadas foi não viver papéis de filha da própria mãe. A restrição foi quebrada na comédia Vendo ou alugo, atualmente em cartaz, onde as duas atrizes interpretam mãe e filha pela primeira vez na ficção.

Esse mês, Silvia virá à cidade como concorrente na competição do 46; Festival de Brasília do Cinema Brasileiro pelo papel da circense nordestina Creuza de Os pobres diabos, filme do cearense Rosemberg Cariry. Será a primeira vez que a atriz irá concorrer a um troféu Candango de melhor atriz. Na trama desenvolvida em um circo paupérrimo, Silvia, mais uma vez trabalhou ao lado do marido, o também ator Chico Díaz. Divide a cena ainda com Gero Camilo e Everaldo Pontes, dois grandes atores do Nordeste.

A imersão exigiu conhecimentos específicos dos meandros de uma arte em extinção e a experimentação de uma visão mambembe da sétima arte. ;O filme do Rosemberg foi minha maior experiência de cinema. Primeiro, pelo tamanho da personagem. Depois, não é uma comédia rasgada, o filme tem muita densidade;, classificou.



Pobres Diabos
É um filme realista com o toque filosófico do Rosemberg Cariry, centrado em uma trupe de circo decadente. São artistas bem ferrados mesmo. Eles estão montando um auto chamado A chegada de Lampião ao inferno, um embate entre Lúcifer e Lampião. A Creuza (personagem da Silvia) será a Maria Bonita. Tem um paralelo bem bonito com o Bye, bye Brazil do (Carlos) Diegues. A Bete Faria da caravana Rolidei foi minha inspiração para desenhar a Creuza, uma estrela decadente de circo.

Creuza
A personagem é tão diferente de mim que precisei me proteger. O mês de filmagens em Aracati, no Ceará, foi de imersão total. Me preparei, fui à fonoaudiológa, estudei. Ela é uma circense, uma artista vagabunda sem muito caráter. Nada a ver com meu leque de mulheres doces. Nunca havia sido chamada para interpretar uma vilã.

A sombra da mãe
Levo uma vantagem em não ser idêntica fisicamente a ela, então, não há como fazer essa dobradinha da fase mais nova de uma personagem da minha mãe. Não foi tão difícil escapar dessa armadilha. Procurei muito na minha vida criar uma independência de dois nomes fortes, o do meu pai e da minha mãe. Acho que consegui me desvencilhar das comparações para trilhar meu próprio caminho.

Primórdios
Comecei muito cedo em teatro estudando com o Carlos Wilson, o Damião, o papa do teatro juvenil nos anos 1980. Muita gente da minha geração estudou com ele. Continuei no teatro por opção minha mesmo. Era a época dos grandes encenadores como Moacir Góes, Aderbal Freire Filho e Bia Lessa. Depois, a tevê me pegou cedo. Comecei com Corpo santo (1987), Dona Beija (1986) e Bebê a bordo (1988).

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