Cultura na Alemanha é coisa séria. Tão séria que o orçamento total do país para investimentos na área chega a 9,5 bilhões de euros, o equivalente a R$ 29,77 bilhões. A cultura na Alemanha também é vital. E nem é luxo. Quando a crise econômica na Europa começou a ganhar contornos drásticos, os parlamentares daquele país concordaram em uma coisa: o orçamento para investimentos culturais não seria reduzido. Afinal, a participação da economia criativa da cultura no PIB alemão hoje é equivalente ao da indústria automobilística. Em entrevista concedida durante visita programada como parte da agenda do Ano da Alemanha no Brasil, o ministro da Cultura, Bernd Neumann, defendeu a participação do Estado no fomento à cultura como única maneira de garantir a sobrevivência do patrimônio cultural.
Boa parte da produção cultural brasileira depende de recursos do Estado e da captação de dinheiro via leis de incentivo. Como a Alemanha lida com isso?
Na Alemanha, a promoção da cultura tem sido, há séculos, uma tarefa do Estado. Mais de 90% de todos os gastos com cultura são feitos pelo poder público por meio de impostos e pelo pagamento da União, dos estados e municípios. Menos de 10% provêm de doadores, patrocinadores e interessados em cultura. Também tentamos aumentar esse número criando incentivos fiscais. Já é possível abater até 20% das doações para a cultura dos impostos, e estamos tentando conseguir mais doadores. Mas 90% dos gastos com o setor vêm do poder público, e isso é um ponto que não se discute: há um consenso sobre isso entre os partidos.
Qual o orçamento do ministério e quais os eixos da política cultural alemã?
Na soma de todos os investimentos dos poderes públicos, os gastos chegam a um valor em torno de 9,5 bilhões de euros. Mas 88% desses recursos vêm dos estados e municípios. Os 12% que sobram vêm do orçamento federal e esse é o meu orçamento. O meu orçamento é algo como 1,2 bilhão de euros. Primeiro, e não há ordem de prioridade nisso, o objetivo é a conservação do patrimônio cultural das últimas décadas e séculos. O segundo foco da nossa atuação é a promoção, o apoio aos jovens artistas, aos jovens compositores, escritores, atores de teatro e diretores. E o terceiro foco é a formação cultural. Queremos que a variedade das expressões artísticas na Alemanha sejam acessíveis a mais pessoas, principalmente às das camadas sociais menos privilegiadas. E aqui temos que começar com os jovens.
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