Agência France-Presse
postado em 21/09/2013 14:15
Los Angeles - Telespectadores do mundo todo, da Coreia do Norte ao Brasil, acompanham as séries de TV americanas - que serão celebradas este domingo (22/9) na entrega dos prêmios Emmy -, embora uma enorme parcela o faça de forma ilegal. Os downloads ilegais de séries de televisão "é, definitivamente, um grave problema", afirma Tim Westcott, analista televisivo da consultoria de mídia internacional IHS Screen Digest. "As pessoas fora dos Estados Unidos podem baixar cópias piratas de um novo programa americano minutos depois de ter ido ao ar nos Estados Unidos, através de diversos sites de compartilhamento de vídeos", conta o especialista à AFP.Tanto no Brasil quanto na Espanha e na América hispânica, os novos episódios de uma série popular costumam estar disponíveis na internet, com legendas, poucas horas depois de transmitidos. As séries americanas começaram a fazer sucesso fora de suas fronteiras há várias décadas, graças a ícones como "SOS Malibu", "Starsky e Hutch" e "Dallas". "Mad Men", "House of Cards", "Breaking Bad" e "Game of Thrones" disputarão neste domingo a coroa dos Emmy... E a riqueza que ela traz. Ano passado, os ganhos com TV paga no mundo aumentaram 30% para mais de 184 bilhões de dólares, segundo estudo citado pela revista especializada Hollywood Reporter.
[SAIBAMAIS]No Brasil, por exemplo, apesar da variedade das produções locais - depois da revolução no conceito da telenovela 30 anos atrás com "A escrava Isaura" -, as grandes favoritas continuam sendo as séries americanas. Embora seja grande o consumo ilegal de séries na América Latina, as mais populares são as dramáticas "Breaking Bad", "The Voice", "The X Factor", "Glee", "Homeland", "Boardwalk Empire", "Game of Thrones", "House" e as comédias "Big Bang Theory" e "Modern Family".
Na China, os programas americanos são extremamente populares, embora os telespectadores tenham poucas oportunidades de vê-los nas emissoras controladas pelo Estado. No entanto, as séries dramáticas da HBO são um hit entre os chineses de podem assisti-las com legendas na internet graças à pirataria, usualmente um dia depois de terem ido ao ar.
No Japão, onde também têm grande difusão, até mesmo alguns antigos sucessos como "Columbo" continuam ganhando audiência. Mas o caso mais curioso talvez seja o da Coreia do Norte, que renega a cultura estrangeira "decadente" e proíbe quase todos os filmes e séries sul-coreanas e norte-americanas. No entanto, a internet tornou possível abrir brechas nesta barreira, antes intransponível. "Sex and the City" e "Desperate Housewives" são as séries favoritas neste país isolado. "Costumavam me pedir medicamentos, mas nem tanto quanto DVDs de programas americanos", escreveu o ex-embaixador britânico em Pyongyang John Everard em suas memórias, recentemente publicadas.
O potencial dos mercados fora dos Estados Unidos é enorme. "A televisão é indiscutivelmente mais internacional do que nunca (...) e de quebra todo mundo precisa de mais conteúdo", explica à AFP Tim Gray, editor da revista Variety, especializada na indústria do entretenimento. Westcott, analista da IHS Screen Digest, acrescentou: "sempre se abrem novos mercados, como a América Latina, o leste europeu ou a região do Pacífico asiático, e estes novos atores sempre buscam conteúdo de alta qualidade e, preferivelmente, em grande quantidade".
Netflix seria uma solução?
Seja por meio de downloads diretos ou através de sites que facilitam ver programas online, como o espanhol Seriesyonkis.com, a pirataria na Ibero-américa é uma atividade tão cotidiana que os usuários muitas vezes carecem do peso na consciência que acomete, por exemplo, o público americano. Comparando a pirataria televisiva à musical, os especialistas destacam que os produtores de TV deverão encontrar a forma de convencer os telespectadores a assistir legalmente às suas séries.
O serviço de vídeo em ;streaming; Netflix, muito popular nos Estados Unidos, é um exemplo. Seu carro-chefe, a série "House of Cards", totalmente produzida pelo Netflix, é o primeiro programa de TV difundido unicamente na internet e é um dos indicados aos Emmy. Empresa fundada em 1997 na Califórnia, a Netflix tem mais de 37 milhões de membros em 40 países. Na América Latina em particular, acumula mais de 1 milhão de assinantes desde que abriu seu serviço na região, em 2011.
Mas seus esforços, assim como de outros serviços similares como Hulu, são uma gota no oceano, quando comparados com a enxurrada de conteúdo baixada ilegalmente em todo o mundo. A quantidade de dinheiro que os produtores de TV perdem com a assistência ilícita é difícil de estimar, afirma Gray, editor da Variety. "Todo mundo sabe que existe uma crise, mas ninguém sabe exatamente o que fazer a respeito", afirma. "Netflix, Hulu e outros buscam opções, mas a solução não é simples", resume.