Diversão e Arte

Luiz Ruffato fala sobre o novo livro e lamenta a estagnação do Brasil

Ruffato pensou em costurar um discurso na Feira do Livro de Frankfurt no qual mescla a literatura e a diversidade de leituras possibilitadas pela ficção

Nahima Maciel
postado em 30/09/2013 07:10
Ruffato pensou em costurar um discurso na Feira do Livro de Frankfurt no qual mescla a literatura e a diversidade de leituras possibilitadas pela ficção

Luiz Ruffato acaba de chegar de Nova Déli. Foi à cidade indiana a convite do Departamento de Português de uma universidade e retornou um tanto chocado com o que viu na Índia. Os números são sempre superlativos nesse país de 1,23 bilhão de pessoas. Quando aterrissou em São Paulo, Ruffato até achou que a capital paulista era pouco populosa se comparada às metrópoles indianas. Sim, tem gente demais no mundo, mas isso não é necessariamente um problema. E o escritor mineiro aproveitou a experiência ; e o choque ; para bolar o discurso programado para a Feira do Livro de Frankfurt, que tem abertura marcada para o próximo dia 9 e este ano homenageia o Brasil.

Ruffato é o orador ; e também alvo de críticas que questionam o porquê da escolha dos 70 autores da lista de convidados para se apresentar na feira ; e pensou em costurar um discurso no qual mescla a literatura e a diversidade de leituras possibilitadas pela ficção. ;Esse é um ponto do meu discurso: ver o outro como inimigo ou como aquele que dá a você o estatuto de existência, porque eu só sou se você me reconhece. Se você não existir, eu simplesmente não existo porque ninguém me dá o estatuto de gente. Mas você existir também me incomoda profundamente. É muito curioso isso;, diz.

A lista de 70 autores que compõem a comitiva oficial de convidados para Frankurft foi elaborada pelo Ministério da Cultura, sob curadoria do crítico Manuel da Costa Pinto; do coordenador de programação, Antonio Martinelli; e da professora Antonieta Cunha. Desse total, 21 vêm de São Paulo, 12 do Rio de Janeiro e 12 de Minas Gerais (o brasiliense Nicolas Behr é um dos convidados). Entre eles, há apenas dois negros e um índio. Os números, admite Ruffato, refletem a realidade brasileira quando se trata de literatura. ;Esses três lugares devem significar 60% a 70% da população brasileira. Em termos de presença econômica, deve representar até mais do que isso. Isso reflete muito nossa desorganização;, garante o escritor. ;Por exemplo, quantos autores negros tem? Isso é culpa da curadoria? De jeito nenhum. É que não tem. Não tem porque, na nossa sociedade, não tem mesmo.;

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