Nova York - O barítono e ator brasileiro Paulo Szot volta à Ópera Metropolitana de Nova York à frente do elenco de "O Nariz", teatro do absurdo do russo Shostakóvich apresentado em produção multimídia do artista sul-africano William Kentridge.
Após sua estreia no templo da ópera da Big Apple em 2010, exatamente com esta versão de "O Nariz", o paulista Szot assume novamente o papel do burocrata Kovalyov, o homem que acorda pela manhã em São Petersburgo e descobre horrorizado que seu nariz abandonou seu rostro e ganhou vida própria.
Sátira do gênero humano, exponente da absurdo e feroz crítica à burocracia em pleno apogeu do comunismo, o compositor Dmitri Shostakóvich (1906-1975) tinha apenas 22 anos quando escreveu essa que foi sua primeira ópera, em 1928.
Considerada uma obra-prima do futurismo pela introdução de peças unicamente de percussão, foi recebida com críticas por seu suposto elitismo e teve apenas 16 apresentações ao estrear em 1930 na ex-União Soviética, onde não voltou à cena até 1974.
Todos esses elementos foram levados em conta por William Kentridge para a sua produção para o Met de Nova York, que continua causando surpresa por sua ousadia, incorporando elementos multimídia como um telão multifuncional que serve para a difusão de imagens, frases e animações que acompanham o relato e complementam a obra.
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A invenção de Kentridge, conhecido por suas colagens, desenhos, gravuras e filmes de animação, também utiliza o cenário de maneira totalmente atípica, tirando a profundidade e transformando-o quase em uma tela de cinema, com cantos que se abrem no telão para situar algumas cenas.
Szot é acompanhado pelo russo Andrey Popov no papel do inspetor de polícia que tenta prender o nariz e o tenor australiano Alexander Lewis, no papel do rebelde órgão olfativo de Kovalyov. O russo Valery Gergiev é o maestro.
"O Nariz" ao vivo nos cinemas latino-americanos
Essa é a quarta ópera apresentada no Met por Paulo Szot, de 44 anos e origem polonesa, que em 2011 interpretou Escamillo em "Carmen" e no ano passado, Lescaut em "Manon", junto com a aclamada soprano russa Anna Netrebko.
Este ano Szot estará presente duas vezes no Met, já que, além de Kovalyov, fará o papel do doutor Falke na opereta cômica "O Morcego", de Johan Strauss Filho.
O brasileiro, que começou cantando profissionalmente em 1990 na Companhia de Dança e Canção Nacional Polonesa "Slask", já se apresentou nas principais salas do mundo.
Além disso, Szot tem a particularidade de levar adiante de forma paralela uma carreira de ator, tendo ganhado em 2008 o famoso prêmio Tony, que todo ano distingue o melhor do teatro americano, por sua atuação no musical "South Pacific".
O Met vai transmitir ao vivo "O Nariz" no próximo sábado, 26 de outubro, em seu programa que cobre 1.900 cinemas de 64 países, incluindo Brasil, Argentina, Chile, Colômbia, México, Peru, República Dominicana e Uruguai.
Esta oitava temporada com transmissão ao vivo inclui também 91 cinemas na França, 175 no Reino Unido e nada menos que 748 nos Estados Unidos.