;Tô encantado, num estado quase de adoração; ; disse o servidor público aposentado João Costa, 79 anos, ao alimentar a cadeia de interesse que tem levado mais de 800 pessoas, diariamente, a visitar a exposição ; Obras-primas italianas. Foi a mulher de João, Maria Dilce, quem alertou o aposentado para o programa gratuito no CCBB.
;Aqui na exposição, se tem a representação de coisas tão sublimes e que deram fundamento à nossa cultura. São artistas herdeiros da cultura grega. Estou embevecido e não vou sair daqui tão cedo. Até independe do peso dos nomes dos artistas: é tutti buona gente;, comentou. Nas 57 obras dispostas em seis setores (cada um composto por cidades que disseminaram a arte do século 15) estão expostos elementos da Renascença, estimulados por transformações no mundo que se multiplicaram, na crescente escala dos adornos e obras de arte encomendados pela Igreja.
Ciente da realidade de missas em latim e dos muitos iletrados que acompanharam a época da produção do Tríptico com ascensão, juízo universal e pentecostes (de Fra; Angelico), uma das peças mais vistosas no CCBB, a consultora legislativa Maria Teresa Cunha, 60 anos, comentou: ;Não sou religiosa: aprecio como arte, como veículo de história. Naquele período, havia uma função social de domínio do populacho, de ofertar uma capacidade de abstração apoiada por imagens;, observou ela, que sentiu a falta das ;grandes estrelas do Renascimento;, mas enfatizou a concentração de acervos, completos, para uma frequente turista. ;Leio muito para minhas viagens e seria impossível visitar os mais de 20 pontos representados na exposição;, avaliou. Da viagem no tempo, por meio das obras, Maria Teresa destacou Morte de Lucrecia (de Il Sodoma). ;Há força dramática espetacular e perfeição na plasticidade. As mãos representadas chamam a atenção, e a gente intui dissuasão e acolhimento;, observou.
Rotas de navegação
O trajeto compreendido desde a visão da têmpera sobre madeira Virgem da humildade (de Gentile da Fabriano), que colocou Florença no topo do Renascimento, até o desembocar na Alegoria da batalha de Lepanto (óleo de Veronese que marca o fim do movimento) incita o pensamento, quando o visitante lembra do contexto da liquidação da Idade Média. Avanços com as rotas de navegação, com a prensa móvel de Gutenberg; a criação de O Príncipe (de Maquiavel), o nascimento de Shakespeare, a inspiradora arquitetura de Brunelleschi e Palladio, além dos turcos tomando Constantinopla, assentaram uma nova realidade mundial. ;Na mostra, a gente vê na prática o que estudou na história da arte. A cronologia histórica e o momento cultural são valorizados. Fiquei instigado pela profusão da perspectiva artificialis, que abraça a geometria e causa um efeito de 3D;, observou o servidor público e estudante de design gráfico Marcos Almeida, 40 anos.
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