Enquanto o Brasil tenta avançar na questão da publicação de biografias não autorizadas, discussão que tomou conta da sociedade nas últimas semanas, outras nações consideram o debate esdrúxulo, já que, nas democracias, de forma geral, a liberdade de expressão e o direito à informação são itens básicos. É o caso de países como Estados Unidos, Inglaterra, Espanha e França, onde o mercado de publicações do gênero se mostra bastante aquecido e os insatisfeitos resolvem as pendengas à luz da Justiça. Por outro lado, a ausência de limites acaba por gerar algumas aberrações, como livros sensacionalistas e que nada acrescentam à trajetória do personagem. Em outras situações, a banalização do gênero literário produz biografias de artistas e personalidades cujas vidas ainda não se mostraram tão relevantes assim, apostando mais em um viés mercadológico do que propriamente histórico.
O cantor Justin Bieber tem apenas 19 anos, e quatro de carreira. Nesse curto período, estima-se que o jovem tenha vendido 15 milhões de discos pelo mundo e, só entre 2012 e 2013, colocou quase US$ 60 milhões na conta bancária. O retorno financeiro foi o bastante para Bieber ter uma biografia para chamar de sua. Algumas, na verdade: a autorizada, Primeiro passo para a eternidade: minha história (Harper Collins, 2010, e Agir, 2011, quando ele tinha apenas 16 anos), e quase uma dezena de outras extraoficiais. O exemplo do canadense se assemelha aos de Selena Gomez e Demi Lovato, estrelas adolescentes já biografadas ; inclusive juntas, com o livro Best friends forever (Melhores amigas para sempre, em tradução livre).
[SAIBAMAIS]Para o doutor em antropologia Gustavo de Castro, os livros sobre jovens celebridades são apenas parte de um ;jogo comercial; e se explicam, sobretudo, pelo ;entusiasmo orgiástico; que as adolescentes nutrem pelos ídolos. ;É um negócio. Essas biografias já saem vendidas. As editoras estão interessadas nesse filão, principalmente nos EUA. Virou mercado também para jornalistas que vivem de escrever para os outros;, destaca o estudioso, que, por outro lado, lembra o caso do vocalista dos Rolling Stones, que ganha novas biografias a cada ano. ;É preferível que haja centenas de livros sobre a vida de, por exemplo, Mick Jagger, mesmo que não acrescentem muito, a um veto prévio, pois isso é censura e mostra que a liberdade de expressão ainda não está consolidada no Brasil;, dispara.
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