Diversão e Arte

Chega ao Brasil o novo livro de escritor português, "Madrugada Suja"

A obra de Miguel Sousa Tavares se passa em Portugal e e se aproxima de uma história policial investigativa

postado em 31/10/2013 08:07

O escritor é autor de

;O passado é um país estrangeiro;. A frase do escritor inglês L. P. Hartley, no original (the past is a foreign country), aparece como epígrafe de abertura do primeiro livro de ficção do jornalista e escritor português Miguel Sousa Tavares, ainda pouco conhecido no Brasil e também autor de Não te deixarei morrer, David Crockett. Esse livro de pequenas histórias precedeu os dois caudalosos romances históricos Equador e Rio das Flores, entremeados pelo curto e denso No teu deserto. Em todos eles, a narrativa é ambientada em terras estrangeiras, embora passagens importantes aconteçam em Portugal. A Companhia das Letras acaba de lançar agora no Brasil o novo romance de Sousa Tavares, Madrugada suja, que, diferentemente dos demais, passa-se inteiramente em terras lusas.

[SAIBAMAIS]Essa diferença pode ser irrelevante, num livro que preserva as características já conhecidas dos milhares de leitores brasileiros de MST ; sigla pela qual o autor é conhecido em seu país ;, tais como o requinte e a elegância do texto, a narrativa lógica, mas não linear, o diálogo com a história e com a política, enquanto processo social maior que as misérias de seus pequenos atores.



O autor não considera Madrugada suja como um romance histórico propriamente dito, como os outros dois. De todo modo, a história nele contada tem um primeiro plano atual, que se passa em Portugal de hoje e aproxima-se do policial investigativo, narrado em linguagem mais nervosa e ágil, que se sobrepõe a um segundo plano, evocativo de um passado não muito remoto, mas determinante, com imbricações na Revolução dos Cravos e em sua curta experiência socializante, que MST cobriu como repórter. Advogado por formação, repórter experimentado, hoje ele é colunista do semanário Expresso e comentarista político do principal telejornal português.

Confira trecho do livro:
Às vezes, quando estava quase a fechar os olhos para dormir, voltavam as imagens daquela noite e a mesma dúvida de sempre: teria sido real ou um pesadelo? Depois, a contragosto, era forçado a aceitar que tudo se passara exactamente como se lembrava e exactamente como o vivera. Não há forma de escapar ao que está feito. Todavia, não há dúvida de que o ser humano é extraordinário na sua capacidade de adaptação a tudo, até mesmo à própria canalhice. Pois ele sobrevivera e seguira em frente, por vezes atormentado pelos remorsos e pela culpa, mas a maior parte das vezes fazendo por esquecer ; e conseguindo-o. Ocasionalmente, assaltava -o a tentação de apaziguar a sua consciência, de voltar atrás, contar tudo a alguém e enfrentar as consequências. Mas seguira sempre em frente, pensando que nada ganharia em destruir também a sua vida.

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