Diversão e Arte

Confira a entrevista com Bruno Barreto, diretor do filme Flores Raras

Para o cineasta, a quantidade de espectadores do filme foi baixa por conta de um pouco de preconceito de alguns exibidores

postado em 02/11/2013 06:00

Cineasta Bruno Barreto durante as gravações do filme Flores Raras

Apesar de ser um filme que demorou 17 anos para ficar pronto, você acredita que, por ser um momento em que a temática gay está tão em pauta, foi a melhor época para a estreia?

Sim, sem dúvida o momento para o lançamento do filme não poderia ser melhor, tanto aqui no Brasil como no resto do mundo. O Flores Raras estreia dia 8 de novembro no Cinema Paris, uma das melhores e mais prestigiadas salas de cinema dos Estados Unidos. O complexo de cinemas de arte Angélicas, no Soho bairro sofisticado de Nova York também vai exibir o filme a partir desse dia

Por que quando o filme foi lhe oferecido pela primeira vez não se interessou? Tinha alguma coisa a ver com o tema?

Talvez porque estivesse muito ocupado com outros projetos e, também por pensar que uma história de amor entre duas mulheres não despertasse o interesse de um público significativo. Mas, quando eu descobri quem eram essas mulheres, acabei infectado com a história.

Por que a escolha do título foi por Flores Raras?

Eu sempre quis que o título fosse A Arte de Perder, por que o filme conta uma história de amor para falar da perda, esse sentimento tão vertical e universal. Mas fui voto vencido pelos produtores, distribuidores e muitos amigos. Então, não quis insistir. Gosto do título Flores Raras, mas o acho um pouco suave demais para a história e o tom no qual ela é contada.

Até o momento, o filme foi assistido por 300 mil pessoas. Você aponta algum motivo para o baixo público quando comparado a outros filmes nacionais que estrearam neste ano?

Existem filmes, e filmes. 300 mil espectadores até que não é mal para um filme como o Flores Raras. Há filmes que se esperava pelo menos 4 vezes mais e não vão fazer nem a metade disso. Na minha opinião o Flores sofreu um pouco de preconceito por parte de alguns exibidores, que o enquadraram como um filme de elite, o que ele na verdade não é. O meu grande desafio foi contar essa historia com toda a sua complexidade e poesia da maneira mais acessível e emocionante possível. Tenho certeza que consegui,pela reação do público. Nunca fiz um filme o Flores é o meu 19; que mobilizasse tanto as pessoas.

Confira o trailer do filme Flores Raras
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O cinema brasileiro nunca foi muito de colocar casais homossexuais no elenco principal. São histórias que não agradam o público ainda muito conservador ou falta de interesse da indústria cinematográfica?

O ser humano é conservador, na sua essência. A vontade de que as coisas mudem é um hábito adquirido. Por isso decidi contar essa historia de amor fora da curva, de uma forma bem clássica.

O Flores Raras traz ares de mudança para o cinema?

Eu não chegaria a tanto. Quem sabe um sopro de ar fresco?

Você espera ter um público maior com a entrada do filme no circuito americano? As indicações para o Oscar dependem dessa visibilidade?

O Reaching for the Moon, título do filme em inglês, língua na qual o filme é falado em quase sua totalidade, é mais entendido e apreciado nos Estados Unidos e na Europa. As críticas internacionais e os vários prêmios de público que o filme conquistou desde sua estréia mundial no Festival de Berlin em fevereiro último, comprovam isso.

Como foi trabalhar com Glória Pires e Miranda Otto juntas?

Fascinante e exaustivo. São atrizes completamente diferentes. A Miranda tem o método como sua principal ferramenta, já a Gloria é mais intuição, que tem uma capacidade incrível de atuar e refletir ao mesmo tempo, o que é dificílimo.

Trailer do filme Como esquecer
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Trailer do filme Cassandra Rios
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Trailer do filme Uivo da Gaita
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