A cena que dispara a trama de Azul é a cor mais quente localiza as protagonistas Ad;le e Emma em uma conversa inicial travada no balcão de um bar gay. Por minutos, fala-se sobre as amenidades que iniciam qualquer relacionamento entre duas pessoas. ;Como você se chama?;, ;O que você faz?;, ;Onde estuda?; e etc. Ao longo da conversa ; tão banal quanto sorver goles de cerveja sem convicção ;, uma guinada importante vai se desenhando sem fazer alarde.
Tão sutil que poucos espectadores se atentarão para a mudança de ângulos da câmera guiada pelo diretor Abdellatiff Kechiche, percorrendo um trajeto de quase 180 graus e iniciando a aproximação entre o casal homossexual que protagonizará a narrativa de três horas de duração. É como a trajetória (igualmente sutil) da protagonista Ad;le (Ad;le Exarchopoulos), uma estudante francesa de ensino médio, tentando se encaixar em um tipo de amor diferente nutrido por Emma (Léa Seydoux), aspirante a grande pintora, no momento ainda uma estudante do curso superior de belas artes.
[VIDEO1]
Nascidas dos traços de uma história em quadrinhos, as meninas lésbicas viverão intensamente um romance, com todas as suas etapas, naturalizado por uma história sem nada de extraordinário. E, por isso mesmo, nada vã ; seguindo assim o desejo do cineasta radicado na França, mas nascido na Tunísia, conhecido por enquadrar outsiders em O segredo do grão (2007), sob o tema da marginalização do imigrante de origem árabe na Europa.
Confira a entrevista com Ad;le Exarchopoulos
Se a história de amor narrada em Azul é a cor mais quente fosse heterossexual, o impacto do filme teria a mesma intensidade?
Não sei, nunca me fiz essa pergunta. Durante as filmagens, tratávamos os assuntos de um jeito natural, nunca pensamos em militância homossexual, mas em contar uma história de amor. A grande luta foi para ganhar este papel durante os testes de elenco.
A matéria completa está disponível , para assinantes. Para assinar, clique