Em 1985, ao receber o Oscar de Melhor Canção Original por I just called to say I love you, o músico norte-americano Stevie Wonder dedicou o prêmio a Mandela. Em retaliação, o governo da África do Sul baniu a faixa de todas as transmissões no país, à época controladas integralmente pelo regime. Durante a cerimônia da Academia, em Hollywood, Wonder explicitou que recebia o troféu "em nome de Nelson Mandela", à época um prisioneiro político no país africano. Então com 66 anos, o líder revolucionário cumpria o segundo ano da sentença de prisão perpétua por planejar uma tomada do poder que visava o fim das políticas de segregação racial.
Por sua dimensão internacional, a jornada de cinco décadas levantada por Nelson Mandela até a derrubada do apartheid, que o levou de perseguido político a detentor de distinções como o Prêmio Nobel da Paz, também foi refletida em produções culturais diversas. Desde os idos de 1980, o ex-presidente sul-africano inspira letras de canções e roteiros de filmes em todo o mundo.
Free Nelson Mandela ("libertem Nelson Mandela", em livre tradução) foi lançada em 1984 pelo grupo inglês The Specials e imediatamente alcançou o top 10 das canções mais ouvidas no Reino Unido. Quatro anos mais tarde, em um disco de tributo aos 70 anos do revolucionário, a faixa ganhou versões por Elvis Costello, Ranking Roger e Dave Wakeling. Amy Winehouse também interpretou a composição, na homenagem em Londres que marcou o 90; aniversário de Mandela, em 2008.
Em 1986, o músico senegalês Youssou N;Dour, ainda em início de carreira, dedicou um álbum inteiro ao herói sul-africano, batizando seu segundo disco de Nelson Mandela. Hoje o artista ocupa o cargo de Ministro do Turismo e da Cultura no Senegal.
Outras homenagens musicais incluem trabalhos do trompetista sul-africano Hugh Masekela, do britânico Johnny Clegg, do egípcio Raffi, da popstar sul-africana Brenda Fassie e da banda canadense Nickelback. Em frente às câmeras, a história da revolução anti-apartheid deu ao bahamense Sidney Poitier a oportunidade de interpretar Nelson Mandela, ao lado de Michael Caine no longa Mandela and de Klerk (1997), lançado para a TV nos EUA.
Confira trailer do filme Longo caminho para liberdade
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Mandela (;Goodbye Bafana;, no original em inglês), chegou aos cinemas em 2007, com Dennis Haysbert no papel de Madiba. Colaboração entre África do Sul, Alemanha, Bélgica, Itália e Reino Unido, a produção conta a história real de um guarda sul-africano, interpretado pelo inglês Joseph Phiennes, que recebe a missão de interceptar todas as comunicações escritas por Mandela de dentro da prisão.
Clint Eastwood levou Mandela de volta às telas em Invictus (2009), drama que mostra Morgan Freeman como o presidente da África do Sul e explora a iniciativa de Mandela em promover o rúgbi como ferramenta de integração entre brancos e negros dentro do país.
A incursão mais recente da vida de Nelson Mandela nos cinemas conta com o aval do ex-chefe de Estado. Em cartaz nos EUA desde o último 29 de novembro e com estreia marcada para o início de 2014 na Europa, o filme ;Mandela: longo caminho para a liberdade; é baseado na autobiografia homônima de Madiba, que cedeu os direitos da obra ao produtor Anant Singh há cerca de 15 anos.
O britânico Idris Alba, consagrado pela interpretação de Martin Luther King na TV, dá vida ao revolucionário, enquanto o papel da esposa, Winnie Madikizela-Mandela, ficou com a inglesa Naomie Harris (da franquia Piratas do Caribe). A trilha sonora conta com a faixa ;Ordinary love;, do grupo irlandês U2.