Adriana Izel
postado em 10/12/2013 08:37
Não se assuste se você se deparar com um corpo sem cabeça pelas ruas, não é nenhuma assombração. É só mais uma intervenção urbana do norte-americano Mark Jenkins. Com peças inusitadas expostas em ruas das cidades de todo o mundo, ele está ganhando notoriedade. Antes, as intervenções urbanas eram relacionadas ao trabalho de Banksy, que une grafites com sátiras e humor negro. Por isso, a mídia internacional começou a chamar Jenkins de o ;novo Banksy;. Os dois artistas até chegaram a trabalhar juntos em uma exposição, em Londres, há sete anos.
Apesar do recente reconhecimento, Jenkins produz esse tipo de arte há 10 anos. Ele iniciou a carreira no Rio de Janeiro, sob influência dos brasileiros Adriana Branco e Alexandre Waldrich, que faziam instalações na época. ;Foi lá que comecei a trabalhar com esculturas e embalagens. O Rio foi o lugar onde me tornei artista;, relembra Mark, que tem uma afeição especial com a cidade e com o Brasil.
As intervenções de Jenkins, que representam a solidão e a morte, imitam humanos em situações inusitadas: sem cabeças, pendurados em paredes, embaixo de bicicletas ou, simplesmente, abandonados no meio da rua. Elas têm como característica o choque e causam certo estranhamento em grande parte do público. ;Claro que as peças são sobre solidão e morte, mas a reflexão não precisa ser negativa. É algo (a reflexão) que devemos fazer com mais frequência, ao invés de ter medo;, defende.
Três perguntas para Mark Jenkins
O que te levou a começar a fazer as intervenções urbanas?
Eu apenas tenho muitas ideias. Poderia ser música ou literatura, mas as obras artísticas são melhores para mim. É uma coisa que vem facilmente. Não causa danos aos ouvidos de ninguém e me deixa menos introvertido.
O que você pretende mostrar com as suas obras?
Eu não acho que eu quero mostrar alguma coisa. Eu só quero fazer coisas. Pergunte a um leopardo: "o que você quer mostrar por correr rápido demais?" e ele vai responder: "eu não quero mostrar nada. Eu só gosto de correr rápido". Claro, que o leopardo não pode falar, mas se ele pudesse ele iria dizer isso. Mas eu não corro rápido, eu só estou fazendo jogos... como um quaterback. Eu monto a cena e depois acontece. As esculturas distorcem os cenários das cidades e transformam de um espaço real a um espaço surreal. Mais ou menos como criar uma falha em Matrix. Eu sou o Neo, mas sem os óculos, o sobretudo, com um diferente estilo de cabelo, e, eu não consigo fugir tão rápido de balas.
Você costuma fazer workshops e filmar a concepção de seus trabalhos. Por que compartilhar o modo de fazer da sua arte com outras pessoas?
Compartilhando minha arte na rua e compartilhando como as faço são as mesma coisa. Me faz me sentir feliz e ver as pessoas felizes. Algumas crianças de 6 a 10 anos e algumas pessoas acima de 75 estão criando, todas felizes. O que você pode ser melhor do que ser capaz de fazer isso?
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