Em um quartinho repleto de livros, bloquinhos e lápis, Manoel de Barros passa boa parte do dia escrevendo, criando versos ou, como ele diz, ;sendo inútil;. O cômodo da casa escolhido para escrever, aliás, foi batizado de ;lugar e ser inútil; pelo próprio Manoel. Vários bloquinhos feitos por ele mesmo escritos a letras miúdas, como um artesão a dar forma a algo sem sentido, a palavras soltas. ;Eu sou procurado pelas palavras. Elas desabrocham em mim. Poesia é uma artesania, é o belo das palavras;, define o poeta.
Versos simples, mas cheios de significado de um poeta que dedica a vida à poesia. ;Nasci para administra o à toa/ o em vão/ o inútil;, escreveu, certa vez sobre o seu ofício. O poeta que enaltece o tempo dedicado exclusivamente a imaginação, leituras e prazeres solitários completa amanhã 97 anos e celebra com nova edição de Poesia completa (Leya), que traz poema inédito do autor mato-grossense.
O poema A turma, a novidade da edição, foi escrito este ano por Manoel e relata as origens e o viver simples na companhia da turma e da natureza. ;A gente foi criado no ermo igual ser pedra / Nossa voz tinha nível de fonte. / A gente passeava nas origens (...);, apresentam os primeiros versos. E é a simplicidade que move Manoel, mesmo antes de ser poeta, quando nasceu, em 19 de dezembro de 1916, em Cuiabá, filho de João Venceslau Barros e de Alice. Formou-se advogado, cresceu em fazenda e a poesia o definiu e deu a ele liberdade. ;Se você tirar de um ser a liberdade, ele escapará por metáfora.;
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