O modelo venezuelano de inclusão social pela música, o El Sistema atende 400 mil jovens e crianças e custa ao governo da Venezuela 200 milhões de dólares por ano. Uma lei instituiu o programa que, há 38 anos, se expande pelo país como um exemplo de projeto social bem-sucedido. De olho na fórmula, o Ministério da Cultura (MinC) quer implantar o sistema nos Centros das Artes e Esportes Unificado (Ceus), um projeto da ministra Marta Suplicy que pretende dotar comunidades carentes com equipamentos destinados a receber atividades culturais e desportivas. O MinC pretende inserir a música nas atividades dos CEUs e, para isso, convidou nove maestros brasileiros para atuar como conselheiros. Eles se reuniram ontem com a ministra para conversar sobre o programa. Em novembro, eles participaram, a convite do ministério, de uma missão técnica para conhecer o El Sistema na Venezuela. Trouxeram de volta a certeza de que o projeto pode funcionar em terras brasileiras sem a necessidade de grandes adaptações.
O baiano Ricardo Castro já conhecia o método. Foi com base no modelo venezuelano que ele montou o Neojibá, um programa de ensino coletivo da música a jovens em situação de vulnerabilidade em Salvador. Um total de 2,5 mil alunos têm aulas regulares de música ao custo de R$ 4,5 milhões por ano. A lista de espera é tão grande que o maestro tem vergonha de não poder atender. Para Castro, a fórmula venezuelana é tão perfeita que não precisa de ajustes. ;Sou a favor da clonagem;, brinca. ;É uma plataforma muito aberta. É possível seguir os princípios básicos e ter uma plataforma de valorização das culturas locais.;
Estrutura
Construídos com verbas do PAC2, os CEUs das artes integraram a lista de promessas de Marta Suplicy quando assumiu o ministério, em setembro de 2012. Até agora, foram entregues nove unidades, mas o MinC tem a expectativa de entregar mais de 300 até o fim de 2014. Para tocar os programas, os gestores dos CEUs, normalmente as prefeituras locais, devem concorrer aos editais lançados pelo MinC. Os programas devem durar seis meses e vão receber R$ 100 mil para a primeira fase. No total, o MinC destinará R$ 3 milhões para a área. ;Queremos criar aqui um programa estruturante;, disse a ministra, durante a reunião com os maestros. ;É um instrumento de inclusão social muito grande.; Marta Suplicy citou a musicalidade e a cultura brasileira, incluindo o carnaval, como um soft power poderoso no cenário internacional. ;Brasil é o pais do samba? Então vamos ser também o da música clássica.; Marta também não quer que o projeto fique ligado aos CEUs e cogita, inclusive, a possibilidade de uma lei que institua o programa, como na Venezuela.
A matéria completa está disponível aqui, para assinantes. Para assinar, clique .