Não houve necessidade marqueteira, definitivamente, para que o percussionista pernambucano Naná Vasconcelos fosse à Assembleia Legislativa do estado, no último sábado, homenagear Reginaldo Rossi (morto na sexta). Naná é um instrumentista universal: foi eleito pela revista Down Beat o melhor percussionista do mundo por oito vezes e levou igual números de Grammy. É o tipo de artista que não precisa ;pegar carona; em enterro de famoso. Mas Reginaldo era o ;Reiginaldo;. Quem lida com música sabe: há na produção do saudoso cantor muita obra boa.
[SAIBAMAIS]Dezenas de cantores cantaram, gravaram, propagaram versos, curtiram e reestilizaram o ;tum-tum; do baixo no brega: Lenine, Geraldo Azevedo, Otto, Silvério Pessoa, o pessoal do manguebeat e até a banda do hollywoodiano ator baiano Wagner Moura. Aquele que mais trabalhou nessa esfera foi o cantor e compositor Silvério Pessoa, com o projeto Sir Rossi. Ele gasta boa parte do tempo para recriar coisas legais a partir do que ficou marcado na voz do eterno romântico. Pessoa e Rossi gravaram juntos, por sinal, na interessante coletânea Eu não sou cachorro, mesmo. Resultando na clássica Deixa de banca ; versão de Les cornichons, de Nino Ferrer.
Durante muitos anos ; e ainda hoje, na verdade ; artistas brasileiros viveram em função de versões amalucadas de músicas ;estrangeiras;. Rossi, claro, se aproveitou disso na sua intensa produção de 300 músicas em mais de 50 discos. Por exemplo, em Tô doidão, de uns tais F. Thomas e J. M. Rivat. Pois é: ouçam a gravada pelo grupo Querosene Jacaré, com o próprio Rossi. É excepcional. Tem um caráter bobo, mas alegre e quase lúdico por contar a ;história; do cara das festas da pesada lá no Canecão que dizia: ;Tô doidão, bicho, tô doidão;.
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