Diversão e Arte

Temas no mercado editorial se repetem ao longo dos anos; confira

Saiba os assuntos ou personagens que sempre têm espaço nas livrarias

Nahima Maciel
postado em 07/01/2014 08:45

O assassinato do ex-presidente dos Estados Unidos John F. Kennedy rendeu mais de 40 mil livros publicados

Alguns temas nunca saem de moda no mercado editorial. Eles são como obsessões que alimentam um inconsciente coletivo incansável. Entra ano e sai ano, difícil não encontrar nas prateleiras de lançamentos uma novidade sobre o assassinato de John F. Kennedy, uma nova (e surpreendente) história sobre a Segunda Guerra, uma biografia de um astro da música ou um divertido livro sobre áreas espinhosas, como a matemática ou a física quântica.

A ciência popularizada é um grande filão dos livros de não ficção. Na editora Zahar, a que mais publica livros desse gênero no país, o destaque é para a matemática explicada de forma simples, direta e, eventualmente, bem-humorada. Livros como Incríveis passatempos da matemática e 17 equações que mudaram o mundo, do matemático inglês Ian Stewart, estão entre os mais vendidos.



A editora publica todos os livros do autor e tem a matemática como tema de 15% dos lançamentos anuais. ;É uma coisa que está no nosso DNA. Meu avô, nos anos 1960, já publicava esse tipo de livro. E tem um público grande, que vai desde o ensino médio até a academia;, explica Mariana Zahar.

Gastronomia também está na pauta e na moda e nunca faz feio no quesito vendas. Histórias de chefs e suas cozinhas mirabolantes podem se tornar espécies de crônicas de um cotidiano curioso. As biografias de músicos e bandas também não saem dos catálogos da maioria das editoras e acabam, inevitavelmente, por frequentar as listas de mais vendidos.

Veja trechos e o serviço dos livros


Os últimos dias de Mussolini, de Pierra Milza

Adeus, Milão!

Depois de liberar Florença, os aliados encontravam-se, no fim de agosto de 1944, na linha Pisa-Pesaro, a cerca de duzentos quilômetros de Milão. Sem dúvida teriam podido levar adiante a ofensiva, mas o marechal Alexander decidiu fazer uma pausa antes do inverno e estacionar suas tropas perto de Bolonha. Durante essas operações, Forl; foi ocupada e a residência de verão dos Mussolini, La Rocca delle Caminate, foi saqueada pela população local.

O projeto de "reduto alpino" Para os dirigentes fascistas e seus aliados, chegara o momento de transferir o governo da RSI para um lugar mais seguro que Sal; e pensar na formação de um "reduto alpino" destinado à derradeira resistência. A ideia tinha origem no projeto, várias vezes acenado por Mussolini, de um fim heroico do fascismo, oferecendo à posteridade a imagem mítica de um empreendimento esmagado pela superioridade numérica e pela força dos mercenários da "plutocracia".

Assim seria assegurada a passagem de bastão às gerações futuras e garantida a perpetuação da esperança de uma nova revolução fascista. Três regiões foram contempladas, em entendimento com as autoridades alemãs. Pavolini, ouvido tanto por Mussolini quanto por Kesselring, inclinava-se pela região de Valteline, ao norte de Como. Já em 8 de setembro, ele enviava um telegrama nesse sentido ao chefe da RSI: O projeto ; na abominável eventualidade de uma invasão completa do território republicano ; de nos aferrarmos com os camisas-negras, nossas armas e nosso governo a uma zona de defesa como a província de Sondrio e, em parte, a de Como parece-me a solução mais lógica e mais honrosa. ;Por outro lado, uma resistência de nossas derradeiras forças em Valteline e ao redor de Adamello protegeria o flanco dos contingentes alemães no Alto Adige. De qualquer perspectiva, parece-me que nesse ponto o interesse tático e moral de nosso aliado coincide com o nosso.;

Batendo à porta do céu ; O bóson de Higs e como a física moderna ilumina o universo, de Lisa Randall

1. O que é tão pequeno para você é tão grande para mim

Entre as muitas razões pelas quais escolhi entrar para a física estava o desejo de fazer alguma coisa que pudesse ter impacto permanente. Se eu iria investir tanto tempo, energia e comprometimento, queria que fosse em nome de algo com uma bandeira de longevidade e verdade. Como a maioria das pessoas, eu pensava sobre avanços científi cos como ideias que resistiam ao teste do tempo.

Minha amiga Anna Christina Büchmann estudou inglês na faculdade enquanto eu me formava em física. Ironicamente, ela estudou literatura pela mesma razão que me deixei levar pela matemática e pela ciência. Ela amava o modo como uma história inspirada se conservava por séculos. Quando, muitos anos depois, discutimos o romance Tom Jones, de Henry Fielding, descobri que a edição que eu tinha lido e apreciado tanto era aquela para a qual ela ajudara a produzir notas quando estava na pós -graduação.

Tom Jones foi publicado 250 anos atrás, mas seus temas e sua sagacidade ressoam até hoje. Durante minha rimeira visita ao Japão, li o muito mais antigo Genji Monogatari [Conto de Genji] e fi quei maravilhada com a atualidade de seus personagens também, 34 apesar dos mil anos que se passaram desde que Murasaki Shikibu escreveu sobre eles. Homero criara a Odisseia cerca de 2 mil anos antes. E, a despeito de sua idade e de seu contexto tão diferentes, continuamos a saborear o conto da jornada de Odisseu e suas descrições atemporais sobre a natureza humana.

Cientistas quase nunca leem textos científi cos velhos ; muito menos os antigos. Em geral, deixamos isso para historiadores e críticos literários. Não obstante, aplicamos o conhecimento que foi adquirido ao longo do tempo, tenha ele vindo de Newton no século XVII ou de Copérnico mais de cem anos antes. Podemos negligenciar os livros, mas temos cuidado em preservar as ideias importantes que eles podem conter.

A ciência decerto não é a declaração estática de leis universais que todos ouvimos na escola elementar. Nem é um conjunto de regras arbitrárias. A ciência é um corpo de conhecimento em evolução. Muitas das ideias que investigamos hoje se provarão erradas ou incompletas. As descrições científi cas sem dúvida mudam quando cruzamos fronteiras que circunscrevem aquilo que sabemos e quando nos aventuramos em territórios mais remotos onde podemos vislumbrar pistas para verdades mais profundas.

O paradoxo com o qual os cientistas têm de brigar é que, apesar de almejarmos a permanência, com frequência investigamos ideias que dados experimentais ou uma melhor compreensão nos forçarão a mudar ou descartar. O núcleo sólido do conhecimento que foi testado e reconhecido é sempre cercado de uma fronteira amorfa de incertezas que constituem o domínio da pesquisa atual.

SERVIÇO

Anatomia de um assassinato

De Philip Shenon. Tradução: Pedro Sette Câmara, Jairo Arco, Flexa, George Schlesinger e Pedro Maia Soares. Companhia das Letras, 720 páginas. R$ 64,50

Era uma vez um segredo

De Mimi Alford. Tradução: Cristina Paixão Lopes. Fontanar, 224 páginas. R$ 32,90

Sangue e champanhe ; A vida de Robert Capa

De Alex Kershaw. Tradução: Clóvis Marques. Record, 350. R$ 45

Fuga das profundezas

De Alex Kershaw. Tradução: Luiz Henrique Valdetaro. Record, 266 páginas. R$ 42

Os últimos dias de Mussolini

De Pierre Milza. Tradução: Clóvis Marques. Zahar, 256 páginas. R$ 49,90

Batendo à porta do céu ; O bóson de Higs e como a física moderna ilumina o universo

De Lisa Randall. Tradução: Marcos Kothar. Companhia das Letras, 576 páginas. R$ 61,50

O cerne da matéria ; A aventura científica que levou à descoberta do bóson de Higs

De Rogério Rosenfeld. Companhia das Letras, 216 páginas. R$ 39,50

O maior de todos os mistérios

De Miguel Nicolelis e Giselda LaPorta Nicolelis. Claro Enigma, 112 páginas. R$ 34

A música dos números primos

De Marcus du Sautoy. Tradução: Diego Alfaro. Zahar, 352 páginas. R$ 59,90

17 equações que mudaram o mundo

De Ian Stewart. Tradução: George Schlesinger. Zahar, 408 páginas. R$ 49,90

Pois não, chef

De Marcus Samuelsson. Tradução: Antônio E. Moura. Rocco, 400. R$ 49,50

Minha cozinha em Berlim

De Luiza Weiss. Tradução: Juliana Romeiro. Zahar, 312 páginas. R$ 39,90

Arqueologias culinárias da Índia

De Fernanda de Camargo Moro. Record, 480 páginas. R$ 52

Estamos vivos ; Bruce Springsteen aos 62 anos

De David Remnick. Tradução: Pedro Sette Câmara. Companhia das Letras, 44. R$ 5,99. Disponível apenas em e-book.

Intocável ; A estranha vida e a trágida morte de Michael Jackson

De Randall Sullivan. Tradução: Marina Pontieri Lima, Rogério Galindo, Álvaro Hattnher e Claudio Carina. Companhia das Letras, 912. R$ 64

Nothing to Lose, a formação da Kiss 1972-1975

De Ken Sharp. Tradução: Ana Claudia Fonseca e Pedro Barros. Benvirá, 592. R$ 44,90

Pete Townshend ; a autobiografia

De Pete Townshend. Globo Livros, 488. R$ 49,90

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