postado em 15/01/2014 08:40
Joseph Joanovici é uma personalidade difícil de ser encaixada no estereótipo de herói ou vilão. Ele se situa entre os limites rígidos do bem e do mal, tão celebrados e utilizados para se contar histórias. Órfão desde que o czar Nicolau II ordenou a morte dos inimigos do império (como bolcheviques e judeus), Joanovici migrou da Romênia para a França ainda criança. O menino testemunhou a morte dos pais a céu aberto pelas tropas do tirano. E, no esconderijo em que se refugiou, conheceu Eva, que o acompanhou na fuga para o outro país, onde cresceram juntos e se casaram.Em Paris, tornou-se um renomado homem de negócios e construiu fortuna de maneira pouco louvável durante a Segunda Guerra Mundial: por meio do crime. O judeu virou, após golpe em um tio da mulher, o maior produtor de sucata da França e acumulou fortuna ao garantir o fornecimento de armas para o exército francês e para os nazistas. A vida de agente duplo nas vendas de guerra fez a figura do comerciante ser vista de forma ambígua, sendo celebrada por uns e defenestrada por outros.
Ainda que tenha morrido em 1965, pobre e com graves problemas de saúde, depois de ter sido condenado à prisão em 1949 e por lá ficado até 1962, Joanovici é, até hoje, conhecido pela alcunha de ;Rei de Paris;. As páginas da história não apagaram o carrancudo romeno, que tampouco protagonizou muitas obras de arte. Por isso, o escritor de quadrinhos Fabien Nury e o ilustrador Sylvain Vallée se juntaram para contar, em dois volumes, a vida do controverso personagem.
Prêmios
Melhor história em quadrinhos francófona no Festival de Saint Michel e no Angouleme, principal concurso francês do gênero
Era uma vez na França: o império do senhor Joseph (Volume 1)
De Fabien Nury e Sylvain Vallée. Tradução de Gilson Dimestein Koatz. Editora Galera, 56 páginas. R$ 48.
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