Não há surpresas entre os indicados ao Oscar 2014, anunciados ontem. A maioria dos finalistas é de filmes que já trilhavam o caminho da estatueta, com atores e diretores que têm concorrido nos últimos anos, em projetos preparados para esse tipo de disputa. A lista com nove concorrentes é tão previsível que coincide com a do Globo de Ouro, que teve 12 anos de escravidão e Trapaça como vencedores.
É bom lembrar que a cerimônia do Oscar será realizada no domingo de carnaval, o que deve diminuir a atenção dos brasileiros. A Rede Globo, por exemplo, não fará a transmissão. Na TV paga, a TNT já anunciou a exibição, mas nenhum canal aberto confirmou interesse (o SBT seria a única possibilidade restante).
Gravidade e Trapaça lideram a lista de indicações, cada um em dez categorias. Em seguida, vem 12 anos de escravidão, com nove. Esses três filmes viraram os favoritos deste ano por motivos totalmente diferentes. Os méritos de Gravidade são técnicos. Trapaça é um desdobramento do aproveitamento que o diretor David O. Russel tem obtido no Oscar, com os mesmos atores de seus dois últimos filmes (O vencedor e O lado bom da vida).
[SAIBAMAIS]Já 12 anos de escravidão é um caso especial, mais relevante artisticamente. Não chega a ser uma surpresa, mas é um sinal de como a indústria do cinema, apesar de anacrônica, também sofre mudanças significativas. O cineasta britânico Steve McQueen é um dos maiores nomes da arte contemporânea internacional (sempre com obras contundentes de forte crítica social) e agora tornou-se o terceiro negro a concorrer na categoria de Melhor Diretor.
O azarão entre os nove é Ela, de Spike Jonze, que concorre em cinco categorias. É o tipo de filme que será cultuado (concorre em trilha sonora e canção original por músicas feitas por integrantes das bandas Arcade Fire e The Kills), mas que só é favorito ao prêmio de melhor roteiro, como costuma ocorrer com obras de maior ousadia artística (Pulp fiction no Oscar de 1995 foi um exemplo clássico desse tipo de situação).
Apostas
Estrangeiros
Apesar de ser uma obra bem maluca para os padrões do Oscar, o italiano A grande beleza, que ganhou o Globo de Ouro, é o favorito na categoria de Melhor Filme Estrangeiro. O dinamarquês A caça é mais sério, mas seu concorrente resgata uma aura mágica que o cinema italiano havia perdido e apela bastante para as paisagens de Roma. Além de ter contribuição artística e conteúdo crítico, é um produto ;para gringo ver; que combina com o Oscar.
Atrizes
Quem viu Blue Jasmine sabe que Cate Blanchett não só é a favorita, mas merece o prêmio de melhor atriz. É uma interpretação fora do comum, de uma personagem que provoca ao mesmo tempo desprezo e compaixão. Entre as coadjuvantes, independente dos méritos, Jennifer Lawrence é a mais badalada. Além de render milhões de dólares com a franquia Jogos vorazes, ela ganhou o Oscar em 2012 com O lado bom da vida e concorreu em 2011 com Inverno da alma.
Atores
Uma premiação para Matthew McConaughey significaria um reconhecimento não só por seu papel em Clube de Compras Dallas, mas também pela série de trabalhos recentes (Killer Joe, Amor bandido, Obsessão) que trouxeram respeito a um ator antes conhecido como um galã frustrado. Seu maior concorrente, por coincidência, é Leonardo Di Caprio, com quem contracenou em O lobo de Wall Street. Surpresa foi Tom Hanks (Capitão Phillips) e Robert Redford (Até o fim) fora do páreo.
Animações
A ausência de Universidade Monstros foi a surpresa entre os indicados a Melhor Filme de Animação pois deixou a Pixar fora da disputa esse ano. Sucesso de público e crítica, Frozen (vencedor do Globo de Ouro), da Disney, fica como favorito. Entre os curtas, uma curiosidade é a animação portuguesa Fera, vencedora do festival brasileiro Anima Mundi. O desenho animado brasileiro Uma história de som e fúria, que estava entre os 19 pré-indicados, não foi selecionado.
Prévias
Depois da cerimônia do Globo de Ouro no último domingo e do Critic;s Choice, as próximas prévias do Oscar são o Screen Actors Guild Awards (sábado (18/1)), o Producers Guild (domingo (19) ), o Bafta (16 de fevereiro) e o Film Independent Spirit Awards (1; de março). Os vencedores dos festivais de Cannes, Berlim e Veneza foram ignorados pelo Oscar, apesar da presença de longas que concorreram nesses eventos, como Philomena, Nebraska e o documentário O ato de matar.
Passo a passo
A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood tem cerca de seis mil integrantes no mundo todo. Os sócios precisam pagar anuidade de US$ 250 (cerca de R$ 591) para poder votar. São eles que escolhem os melhores filmes, mas cada categoria seleciona seus próprios representantes. Ou seja, diretores votam em diretores, figurinistas nos melhores figurinos etc. Conforme anunciado, foram 289 longas elegíveis para a categoria de melhor filme. A empresa Pricewaterhouse Coopers tabula os resultados. Pelo segundo ano consecutivo, é oferecida a opção do voto eletrônico.