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Grupo The Blind Boys of Alabama lança álbum com pegada pop

Conhecido pela sonoridade gospel de raiz, o grupo teve participação ativa na luta pelos direitos civis nos EUA

Estado de Minas
postado em 22/01/2014 15:44

Conhecido pela sonoridade gospel de raiz, o grupo teve participação ativa na luta pelos direitos civis nos EUA

O grupo The Blind Boys of Alabama tornou-se uma instituição do gospel ao longo de seis décadas. Formado no final da década de 1930 por garotos que se conheceram numa escola para cegos do Sul dos Estados Unidos, o Alabama Institute for the Blind in Talladega, se destaca tanto na música quanto na história de seus país (na época de sua formação, somente um dos integrantes enxergava). Nos anos 1960, participou ativamente do movimento pelos direitos civis protagonizado por Martin Luther King. Na década seguinte, quando muitos artistas gospel se voltaram para a soul music, o grupo manteve o pé nas raízes. Em 1980 ganhou fama quando deixou a igreja e voltou-se para o teatro, com um musical. E foi a partir do início deste século que o grupo foi descoberto pela música pop.


;I;ll find a way;, seu novo álbum, é mais um trabalho dessa safra. Foi produzido por Justin Vernon, o nome por trás do cultuado grupo Bon Iver. Hoje, os meninos cegos do Alabama são, obviamente, senhores ; somente um deles, Jimmy Carter, com 85 anos, é da formação original. Para a empreitada, além das sete vozes do grupo, Vernon chamou alguns convidados: apenas a cantora folk Patty Griffin, que gravou Jubille, é um nome já com trajetória conhecida. Os outros são da novíssima geração indie: Sam Amidon, compositor do chamado neofolk, registrou ;I am not waiting anymore;; Shara Worden (da banda My Brightest Diamond) e Merrill Garbus (o homem por trás do tUnE-yArDs) gravaram ;I;ll find a way; e ;I;ve been searching;, respectivamente. Por fim, há ainda a cantora Casey Dienel, que colocou sua voz em ;There will ever be any peace;.

Vernon, que conheceu o trabalho do grupo do Alabama depois de se aprofundar em nomes que tiveram expressão na música gospel como Sam Cooke e Staple Singers, também participou de uma faixa, Every grain of sand. Essa canção, em que ele divide os vocais com Jimmy Carter, é da fase cristã de Bob Dylan. A escolha do repertório faz justamente esse ponte entre o gospel e o secular. Há canções tradicionais, como I shall not be moved e Take me to the water. Outras que são verdadeiros hinos (There will never be any peace e Jubille). As interpretações também são diversas: quase reggae em I;ve been searching, intimista em I am not waiting anymore, e solene em I;ll find a way.

O registro atual vem ratificar a riqueza do gospel, já explorado por outros nomes da música pop. Os Blind Boys, que hoje colecionam Grammy, despontaram para outros segmentos em 2001 com o álbum ;Spirit of the century;, um misto de gospel, blues, soul e folk que contou com a participação de nomes como o gaitista Charlie Musselwhite e o guitarrista John Hammond, trabalho lançado pelo Real World, selo de Peter Gabriel. Este logo os convidou para participar de seu próprio álbum, Up (2002). A partir desse encontro, o grupo acompanhou o ex-vocalista do Genesis em turnê. Com versões para canções de Tom Waits, Prince e Stevie Wonder, o grupo participou da trilha sonora de séries de TV e filmes. Até que em 2004 assinou um álbum com Ben Harper, ;There will be a light;. Em novembro, estiveram no Brasil como atração do festival Back2black, no Rio de Janeiro.

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