Diversão e Arte

Vários filmes em cartaz na cidade apresentam temática sobre vida familiar

Discussões sobre as complexas relações familiares são pano de fundo de diversos longas

Ricardo Daehn
postado em 23/01/2014 08:53
Tensão emocional: Julia Roberts e Meryl Streep fazem parte do elenco do drama Álbum de família
Nas salas de cinema, pelas últimas semanas, foi possível constatar que algo de incomum tem sido registrado nos seios familiares revelados pela ficção. Em frente a adultos absolutamente perturbados ; vide Uma Thurman em Ninfomaníaca, Cate Blanchett em Blue Jasmine e, em Trapaça, o pai de ocasião interpretado por Christian Bale ;, as crianças sofrem um bullying emocional só comparável ao da filha de Jordan Belfort (de Leonardo DiCaprio), tirada da cama, às pressas, para ser usada como escudo contra uma invocada esposa, em O lobo de Wall Street. Hors-concours em toda a fauna de disfuncionalidade, Meryl Streep reina na pele de uma mãe condenada ao vício dos remédios, em Álbum de família.

Adaptado de uma peça de Tracy Letts, Álbum de família, dirigido por John Wells, ganhou fama pela afinidade de um elenco dos sonhos capitaneado pela estrela Julia Roberts. Indicada ao Oscar de melhor atriz coadjuvante, a atriz representa a filha capaz de oferecer uma certa estabilidade no encontro de uma família (ainda mais) perdida, graças ao sumiço de um patriarca low-profile. ;São dramas e mais dramas, mas esse tipo de filme traz muita reflexão, com marcas tristes e momentos familiares muito próximos aos que são vividos por aí. Mesmo assim, acaba sendo leve. Você não sai carregado e é um momento para a família olhar para si;, comentou, na saída de uma sessão, a consultora Maria Vitoriano, 62 anos.


Uma ciranda amorosa, com ameaça de incesto e desavergonhada lavagem de roupa suja em público, move parte do enredo desse filme. Para as professoras Maria Olívia Sousa, 50, e Mayara Sousa, 25, tia e sobrinha, respectivamente, a obra representa situações cotidianas. Ainda assim, a identificação individual passa longe, no caso de ambas. Também educadora, Márcia Alves Ferreira, 67, teve percepção distinta: ;Aquilo ali é uma típica família que, em dia de Natal, resolve colocar tudo para fora;. Ela não viu com tanto distanciamento os desentendimentos de parentes mostrados pelo filme. ;Discussões sempre estão presentes. Na minha casa, não tem tanta confusão como no longa, mas acredito que todo mundo tem aquela tia irascível representada na tela ; eu, inclusive.;
Leia outras reações dos espectadores sobre o tema:
"Victor Hugo Morant representa um nome clássico da televisão colombiana, com ampla trajetória teatral, e com participação em numerosas películas dos anos de 1970, ou seja, faz parte de uma pequena elite de atores. Foi importante conhecermos alguém próximo dele, para que o roteiro chegasse até ele", conta o diretor colombiano Mauricio Cuervo, ao falar da escalação de elenco para Crônica do fim do mundo. A comédia, com estreia na sexta, reforça um circuito de filmes que têm como denominador comum a invocação das mais variadas classes de família.

No filme, por exemplo, Morant interpreta o aposentado Pablo, que vê no filho Felipe (Jimmy Vásquez) a falta de instrumentos para que progrida nas "lutas" de classe, em tempos de projetado fim de mundo (previsto para dezembro de 2012). Famílias neuróticas (Álbum de família), reinos familiares desfeitos (Frozen ; Uma aventura congelante) e jornadas de aprendizagem fora do seio familiar (O menino e o mundo) são algumas das opções no diversificado cardápio cinematográfico da capital. Confira, abaixo, a reação de espectadores.

Álbum de família

"A mensagem passada pelo filme é o mais interessante e é bem real. A herança que uma mãe passa para os filhos, para os netos, vai além da herança material ; que foi o que se colocou em discussão ; e é o que nós aprendemos. No caso, uma herança de desprezo, de cinismo, de maus tratos, é reproduzida nas filhas e uma filha já reproduz na neta. Tem o pensamento do que você foi e deixou no passado, um legado. Ou seja, algo que passa de geração para geração. Acho que a maior lição desse filme é você ter cuidado com as palavras e isso nós levamos para dentro de casa. A palavra pode gerar um comportamento e desse comportamento vem muita desculpa. É como se você não se julgasse responsável por tudo aquilo o que você faz com vontade"

Maria Olívia Guimarães, 62 anos, arquivista.

De repente, pai


"Apesar do filme valorizar as relações familiares eu não consegui me identificar, achei tudo muito exagerado"

Vamberto Machado, 23 anos, engenheiro civil.

Confissões de adolescente

"Me identifiquei com o filme porque mostrou famílias discutindo abertamente sobre temas tabus e na minha família sempre foi assim"

Helem Cristina Santos, 32 anos, supervisora comercial

"Gostei, por lembrar da relação com meus pais, que são bem abertos comigo: eles sempre falaram sobre tudo"

Carolina Noleto, 16 anos, estudante.

"Minha família nunca foi de falar muito comigo. Acho que o filme serve de incentivo para que os pais de hoje conversem mais livremente com seus filhos"

Marden de Souza, 20 anos, estudante
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