Thiago Cunha encara o fato de ter crescido na Colina como simbólico. Não chega a ser determinante, mas certamente influenciou sua vontade de fazer música. Filho de uma funcionária da Universidade de Brasília (UnB), ele cresceu ouvindo as histórias do nascimento do rock brasiliense debaixo dos pilotis dos prédios da Colina. Hoje, aos 34 anos, quando olha em retrospecto, Cunha não vê outro caminho possível. Ele até tentou. Quando chegou a época, foi estudar antropologia na UnB. Gostou, formou, mas uns anos mais tarde, lá estava de novo, dessa vez no departamento de música, mais para tecer uma rede de contatos e fixar um pouco de teoria do que para realmente aprender um instrumento. A bateria já era companheira de Cunha desde a adolescência e acabou por transformá-lo em um dos mais versáteis bateristas da cidade.
Em uma noite, ele pode tocar rock, forró e chorinho. É a cabeça da banda Totem, um dos fundadores da Salve Jorge, hoje Salve, integrante ativo da Passo Largo, escudeiro fiel de Vavá Afiouni e o Toró de Palpite, sempre presente na Paradiso e colaborador eventual de outros 16 artistas, incluindo Dillo, Leandro Morais e Fábio Cavanha. Metaleiro dos 13 aos 16, roqueiro desde então, o baterista começou a tocar nas festinhas da UnB nos anos 1990 e avalia que muita coisa mudou em Brasília desde então. Especialmente no campo musical. ;Lembro-me que, no segundo grau, ia moleque curtir cover de Led Zeppelin, Beatles. Imagino que o rock autoral conseguiu um espaço aqui nos anos 1980 porque a cidade tinha menos opções de lazer. As pessoas saíam para ver aquelas bandas e era o que tinha. Então acabava conhecendo e de fato é legal;, diz.
Hoje, o som cover encontra mais espaço do que o autoral e o baterista lamenta um pouco, embora encare tudo como trabalho. ;Se as pessoas saíssem hoje para ver as bandas autorais, veriam que elas também são legais e que dá para se divertir. Só que de 1990 para cá, Brasília cresceu muito, tem muita gente concursada, com grana e que não está a fim de arriscar, quer uma coisa certa. É uma mediocridade de quem está confortável. Não que antes não tivesse os cover, mas acho que tinha menos alternativas.;
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