Berlim - O cineasta Lars von Trier se negou a participar da conferência de imprensa com a crítica cinematográfica e, na sessão de fotos com a equipe do filme Ninfomaníaca, mostrou uma camiseta com a inscrição "Persona non grata", sob a Palma de Cannes, provando não feito as pazes com os franceses.
O ator Shia LaBeouf (Jerome no filme) não esquentou a cadeira porque se se sentiu ofendido com uma pergunta sobre sua participação sexual com Stacy Martin e soltou, ao se levantar, uma frase do ex-futebolista Eric Cantona ; "quando as gaivotas seguem o barco é porque pensam que vão lhes jogar sardinhas.
Existe uma genialidade em Lars von Trier. A versão completa de Ninfomaníaca, com o O do título em forma de vagina, começa como um filme de Bela Tarr, mas depois de Seligman recolher Joe, ferida, do patio do prédio, é von Trier quem imprime sua marca.
Tentando explicar o filme, Stellan Skarsgard sintetiza nas personagens de Seligman e Joe a personalidade difícil de Lars von Trier ; "um assexuado e a outra fortemente sexual". Mas, sem dúvida, é alguém torturado por angústias e conflitos íntimos, visíveis nos seus personagens, em luta com eles próprios. Fator não negativo, mas demonstrativo de sua inteligência, anticonformismo e rebeldia.
Seria exagero qualificar Ninfomaníaca de filme pornográfico ; as cenas de sexo não excitam ao orgasmo e a coleção de pênis exibidos não é erótica mas cômica. Numa provável referência ao escândalo em Cannes, onde brincou e se queimou com referências ao nazismo, há um diálogo revelador:
; Como você se chama? ; pergunta Joe, ao senhor idoso que a salvara e se dispunha a ouvir sua narrativa, que ele prometia ser longa. E ele responde e interpreta ; "Me chamo Seligman (Joe ri porque Seligman quer dizer ;homem feliz;), é um nome judeu. Mas não sou religioso. Pode-se ser antissionista sem ser antissemita".