Diversão e Arte

Remake de 'Dois Homens Contra uma Cidade' não tem a mesma força do original

Com o título de Two Men in the Town, de Rachid Buchareb, filme se destaca como o de José Giovanni estrelado, em 1973

Rui Martins - Especial para o Correio
postado em 10/02/2014 10:44
Berlim ; O remake de Dois Homens Contra uma Cidade, de Rachid Buchareb, com o título de Two Men in the Town não tem a mesma força do original de José Giovanni estrelado, em 1973, por gente graúda como Jean Gabin, Alain Delon e mesmo uma ainda não muito conhecido Gérard Depardieu.

Buchareb, francês de origem argelina, transplantou a trama para os EUA na fronteira com o México. Se José Giovanni, ex-penitenciário, quis denunciar as falhas no sistema policial francês com a reinserção praticamente impossível, do tipo bandido será sempre bandido, Buchareb introduziu um elemento, inexistente no filme original, para reforçar o desejo da mudança de vida e de reintegração na sociedade como bom cidadão, a religião, no caso a crença muçulmana.

Assim, o ex-presidiário Garnett (Forest Whitaker), condenado por ter assassinado um policial, foi prisioneiro modelo durante sua pena de 18 anos por ser um fiel praticante muçulmano, com suas abluções e rezas voltadas para a Meca. Essa diferença, mais o fato de ser negro e de ter matado um policial seriam obstáculos para iniciar vida normal.

Mesmo porque o xerife local se prometera vingança e o antigo comparsa esperava seu retorno ao mundo da ilegalidade. De nada adiantava o apoio de uma oficial da polícia, isolada na pequena cidade desértica do Novo México, próxima do muro construído para impedir a entrada de mexicanos. A pressão exercida sobre William Garnett é demasiada, mais forte que as palavras do Corão e o filme termina com a decisão de Garnett não fazer sua ablução, necessária para a prece.

Buchareb quis mostrar existir nos EUA um sistema policial inadequado para a reinserção de um reabilitado. Mas sem transformar essa contestação em palavras, pois existem poucos diálogos, o desespero de Garnett só se exterioriza nos momentos de explosão.

O argumento do bom presidiário por ter se convertido ao islã seria desnecessário e daria mais força ao personagem. Fica a impressão de proselitismo, dificultado por acentuar apenas a ala moderada dessa religião.

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