;Vocês já conseguiram ficar com Dominguinhos com uma sanfona na mão, no rol de amigos; ele tocando a esmo o que ele quer? Não tem nada mais sensacional na vida. Dominguinhos é uma enciclopédia maravilhosa;. O depoimento de Djavan foi registrado na websérie Dominguinhos%2b, que será lançada nesta quarta-feira (26/2), no YouTube (canal Dominguinhos Mais). Em oito episódios, o projeto traz encontros de Dominguinhos com artistas como Hermeto Pascoal, João Donato, Wilson das Neves, Luiz Alves, Gilberto Gil, Elba Ramalho e Lenine. É o ;prelúdio; para a estreia do documentário Dominguinhos, previsto para maio.
A cada episódio, um músico expõe o seu olhar sobre o sanfoneiro de Garanhuns, falecido em julho de 2013. São singelas trocas de olhares, palavras, sorrisos, sons e lembranças de fatos, diálogos e até flertes da trajetória do herdeiro musical de Luiz Gonzaga, com destaque para o virtuosismo artístico dele. O primeiro será com Gilberto Gil. Conta a razão pela qual convidou Dominguinhos para participar de um trabalho no Tropicalismo. ;Ele até viajou de avião;, menciona Gil, entre risos, em referência ao medo do artista. Foi a primeira vez que o pernambucano viajou para a Europa.
Na estreia, Gil destaca o gosto pelo ecletismo e a rapidez para jogos rítmicos e harmônicos. No primeiro episódio, com duração de cerca de quatro minutos, eles tocam Tenho sede e Abri a porta. Ao término, a plataforma disponibiliza a audição das duas músicas de cada capítulo na íntegra.
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A produção, dirigida por Felipe Briso e idealizada por Mariana Aydar - a cantora também assina a direção musical -, foi um processo de descoberta. Para eles, a proposta é mostrar um ;Dominguinhos que o Brasil não conhece;. Foram duas entrevistas com o artista em estúdio. No filme, de caráter intimista, o intuito é mostrar o mundo com o olhar dele, com imagens de lugares vividos por ele, como Garanhuns na época em que nasceu e o Rio de Janeiro, quando ele chegou.
O compositor pernambucano não chegou a ver o projeto pronto. Mas, antes da conclusão, Briso mostrou parte do material bruto para o sanfoneiro. ;Ele se emocionou e pediu para desligar na hora. Tinham imagens antigas de Garanhuns;, recorda.
Entrevista >> Felipe Briso
;A websérie constrói uma nova imagem;
Por que decidiram lançar o projeto na internet?
Em função do alcance que ele poderia ter, fazia sentido uma vida no cinema e uma na internet. Os públicos são diferentes. As coisas se complementam. A gente não sabia como ia ser essa divisão. Gravamos os encontros musicais, ponto de partida, que são inéditos e exclusivos. Além disso, via a possibilidade de contar histórias diferentes. No cinema, ela é muito mais sensorial. A visão é do próprio Dominguinhos. A ideia é que, a grosso modo, seja a história de Dominguinhos contada por ele mesmo. Na web, são músicos que o reverenciam ao longo da vida.
Como foi a escolha dos artistas?
Cada um representa uma fase do artista. Por exemplo, Gilberto Gil conta a entrada dele na Tropicália. Hermeto Pascoal diz respeito à infância, ao autodidatismo que eles têm em comum. João Donato se refere à época em que Dominguinhos viveu no Rio de Janeiro tocando em bailes. Ali foi a grande escola dele, quando se formou como músico, nos anos 1960.
O que a websérie traz de especial?
O mais legal é como aos poucos a websérie constrói uma nova imagem, diferente da que todo mundo tem. Mostra um Dominguinhos genuíno, talentoso, mas vai surpreendendo com momentos de passagens da história dele, que são únicas, de alguém que viveu de cabo a rabo na vida, desde tocar com Luiz Gonzaga, em hotel em Garanhuns, a grandes festivais do mundo. Traz a genialidade com humildade. Traz esses momentos, ele tocando. Essas últimas entradas em estúdio são carregadas de emoção. Ele sempre emocionou muito as pessoas. O resultado ainda é mais forte neste sentido.