Diversão e Arte

Selfies, pizzas, rappers e internet são alguns artifícios usados no Oscar

Na cerimônia de 2014 , a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood resolveu se modernizar

Nahima Maciel , Ricardo Daehn
postado em 04/03/2014 07:15
O selfie foi retuitado mais de duas milhões de vezes. Um recorde

Os 17,1 milhões compartilhamentos nas redes sociais confirmam uma tendência: o Oscar, agora, mira o público jovem, profundamente conectado à internet. Na cerimônia de 2014 , a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood resolveu se modernizar, pelo menos do palco do Dolby Theatre, em Los Angeles, para fora. As apresentações de artistas como o rapper Pharrell Williams, de chapéu e dançando com as estrelas da primeira fila; da popstar Pink, em homenagem ao Mágico de Oz; e dos roqueiros do U2, que lembraram outro ícone pop, Nelson Mandela, nada mais são do que um sinal da tentativa de rejuvenescimento dos velhinhos de smoking da Academia.



[SAIBAMAIS];A coisa mais importante é a juventude;, antecipou, de cara, a apresentadora Ellen DeGeneres, nas preliminares do que seria o foco maior da noite do Oscar: conquistar o interesse dos mais antenados. Clipes com heróis e animações ; apresentados por Jim Carrey e Chris Evans (o Capitão América) ; também estiveram entre os artifícios. Quem diria que, pela audiência, muita coisa acabaria em pizza, numa confraternização que, seguindo a onda juvenil, incorporou até o recurso da vaquinha para o pagamento da iguaria, que foi distribuída, na maior das informalidades, e dividida na plateia, engordurando vestidos e smokings das estrelas hollywoodianas. Quem se deu bem foi o entregador que, com a brincadeira, conseguiu uma gorda gorjeta de US$ 1 mil.

Na cerimônia de 2014 , a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood resolveu se modernizar

;Isso aqui é Jogos vorazes;, ironizou DeGeneres, em outra tentativa de identificação com a mais rentável das estrelas da atualidade: Jennifer Lawrence, que, desta vez, não faturou a estatueta. Sem a grosseria de Seth MacFarlane (escalado desastrosamente para a cerimônia do ano passado), a anfitriã expôs até constrangimentos, ao comentar a queda da estrela de O lado bom da vida, ano passado, mas com leveza. Indicada ao Oscar de coadjuvante, por Trapaça, Lawrence ouviu um: ;Se você ganhar, a gente leva o Oscar até você ; não precisa vir aqui;, disparado pela apresentadora, que, àquele momento, ainda não sabia que a atriz tinha caído novamente.

Assista aos comentários da premiação de 2014

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Com toda a expectativa, o público mais jovem venceu o cansaço para conferir a dupla vitória de Frozen: melhor animação e melhor canção. ;Trazer para o primeiro plano da nova geração que não entende precisamente os efeitos da Aids dos meados dos 1980; foi um cuidado até de uma das vencedoras do prêmio de maquiagem atribuído a Clube de compras Dallas. Com 40,2 milhões de espectadores, o Oscar trouxe uma saraivada de imagens de filmes donos de identidade junto a jovens, entre os quais Star Wars, Os Vingadores, Kill Bill e Avatar. No palco, a ponte entre o consagrado e as novas gerações veio na integração: Pink ; compositora de pop-rock ; cantou Somewhere over the rainbow, imortalizada, em áureos tempos, por Judy Garland.

Aproximação

A proposta de um recorde para a selfie da festa foi quase covardia, já que 2,6 milhões de internautas responderam imediatamente ao chamado de Ellen DeGeneres. Mesmo com os notórios esforços da academia, a tentativa de modernização da cerimônia do Oscar dividiu opiniões. Para o cineasta Aluízio Abranches, diretor de Um copo de cólera e As três Marias, a festa conseguiu inovar e ganhou um sopro de juventude. ;Com essa selfie e com a história da pizza, ficou claro que eles estão querendo se aproximar do que está acontecendo hoje e do público mais jovem;, diz. ;Foi um sucesso. Até aumentou um pouco o tempo de duração. Adorei a Ellen. É um show para a televisão, não dá para esquecer isso.;

Já o cioneasta Neville d;Almeida (Navalha na carne) não enxerga novidade alguma na 86; edição do Oscar. ;A importância que dão ao Oscar no Brasil é exagerada. É uma subserviência cultural muito grande. A premiação é uma monumental promoção para o cinema americano;, resume.

Um negro ter levado a estatueta de melhor filme ; Steve McQueen, por 12 anos de escravidão ; e um latino a de melhor diretor representariam um desejo de ampliar o mercado. ;Existem 30 milhões de mexicanos hoje nos Estados Unidos e isso justifica o Oscar. A única coisa que acho que presta são os prêmios de atores, porque os caras fazem um sacrifício.; Ele comparou o desempenho de Mathew McConaughey em Clube de compras de Dallas ao de Robert de Niro em Touro indomável. ;Ele emagreceu 30kg, o De Niro engordou 30kg. É uma das coisas que eles fazem muito bem essas caracterização.;

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