Diversão e Arte

Uruguaios estreiam documentário sobre derrota do Brasil na Copa do Mundo

Filme sobre partida consagrada como ''Maracanaço'' chega às telonas meses antes de novo Mundial

Agência France-Presse
postado em 07/03/2014 11:28
Derrota do Brasil para a seleção do Uruguai por 2 a 1 em 1950 ficou conhecida como
Um documentário chamado Maracanã estreia na semana que vem no Uruguai, relembrando o episódio que é até hoje o maior orgulho do futebol do país, a vitória da Celeste sobre o Brasil na decisão da Copa do Mundo de 1950.

Não é por acaso que o filme chega às telas justamente a três meses de outro Mundial disputado em terras brasileiras.

Depois de divertir com uma bem-humorada campanha publicitária em que o "fantasma" de 1950 invade o Rio de Janeiro, os uruguaios terão agora a oportunidade de reviver as glórias do passado em forma de aquecimento para a competição, na qual a seleção local integra o "grupo da morte", junto com Inglaterra, Itália e Costa Rica.

A pré-estreia será em 12 de março, num palco inusitado, o estádio Centenario de Montevidéu.

Documentário 'Maracanã' aborda a partida pela visão dos vitoriosos, que enfrentaram adversidades antes de conquistar o título mundial na casa da Seleção Brasileira

"Maracanã é uma trama que tem uma leitura histórica, resultado de uma longa investigação. O mais incrível foi o a descoberta de uma época, de dois países, do ponto de vista humano", contou à AFP o diretor Andrés Varela, que dirigiu o longa com Sebastián Bednarik.

Baseado no livro Maracanã, a história secreta, do autor uruguaio Atilio Garrido, mostra imagens de arquivo e relatos de protagonistas da partida, disputada em 16 de julho de 1950.

Os diretores levaram três anos para juntar o material, com muitas imagens oriundas de coleções privadas e para fazer as entrevistas.

"Durante este período, tivemos a oportunidade de mergulhar na sociedade uruguaia e brasileira da época, com o Brasil em ano eleitoral e o desafio da construção do Maracanã, que é nada menos que um colosso que buscava mostrar a dimensão do país ao mundo", explicou Varela.

O documentário também mostra as diferenças de preparação entre as duas equipes e a fama de invencibilidade dos brasileiros, intensificada pela imprensa, os dirigentes e a torcida local.

Medalhista de ouro nos Jogos Olímpicos de Paris-1924 e Amsterdã e primeira campeã mundial da história (em 1930), a seleção uruguaia não disputou as Copas de 1934 e 1938 por razões políticas.

Determinação e superação


O filme exalta a "convicção, determinação desses homens, que transformaram tudo que aconteceu de ruim antes do Mundial (uma greve dos jogadores que paralisou o futebol uruguaio entre 1948 e 1949) em algo positivo, alcançando seu objetivo final de forma incrível", ressaltou Varela.

"Não podemos nos esquecer que esses homens (os uruguaios) jogavam muita bola, e enfrentavam uma seleção (brasileira) com talento similar e uma ótima preparação", lembrou o diretor, chamando a Celeste da época de "seleção de operários".

A longa greve no futebol uruguaio levou alguns jogadores a trabalhar em outras áreas para se sustentar, inclusive a construção civil.

Um dos atletas que precisou trabalhar como operário foi o capitão Obdulio Varela, que ganhou o apelido de Negro jefe (Chefe negro).

O filme relata o momento em que ele pegou a bola e começou a discutir com o árbitro para "esfriar a partida" depois da abertura do placar pelo brasileiro Friaça.

A Celeste conseguiu a virada histórica com gols marcados por Juan Alberto Schiaffino e Alcides Edgardo Ghiggiam, nos 21 e 34 minutos do segundo tempo.

O "carrasco" Ghiggia é justamente o último sobrevivente daquela geração e foi homenageado em novembro do ano passado no estádio Centenario, antes da partida de repescagem na qual os uruguaios garantiram sua vaga para a próxima Copa.

O documentário vai além do relato esportivo, contando por exemplo com um depoimento da viúva de Julio Pérez, revelando que o ex-atacante, seu noivo na época, havia prometido casar com ela se conquistasse o título no Brasil.

"Ela escutou a final na rádio, fazendo crochê e rezando para que a equipe vencesse. Esta imagem reflete muito bem a época", aponta o diretor.

Com este filme, os uruguaios vão poder fazer uma viagem no tempo, revisitando um episódio que aconteceu há 64 anos, antes da seleção atual dos Suárez, Cavani e companhia estrear na Copa, no 14 de junho no Castelão de Fortaleza, contra a Costa Rica, alimentando o sonho de mais um título em terras brasileiras.

Enquanto a Celeste buscará o tri, a seleção brasileira, que superou o trauma do Maracanazo ao se tornar o maior campeão mundial da história, tentará conquistar o hexa em casa.

Confira o trailer do documentário:
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