Diversão e Arte

Artistas plásticos contam como é se manter por meio da própria obra

Eles vivem em uma cidade cujo público ainda carece de formação cultural para identificar as produções como investimento

postado em 16/03/2014 08:01

Viver de arte em Brasília, para alguns artistas, é um desafio quase impossível de ser superado. Vontade e empenho nem sempre significam êxito em projetos de manutenção de vida exclusivamente pelas artes plásticas. Dedicação e traquejo são importantes para manter a relação com o público consumidor de arte, que é muito específico em Brasília. Segundo os artistas da cidade, falta formação para que o público identifique uma obra como investimento e não meramente como objeto decorativo. Abandonar uma carreira formal, uma função estável como servidor público ou professor, por exemplo, requer mais que vontade, mas a paixão e a certeza de que a arte dará em troca o que for dado por ela é estimulante. Para alguns, a entrega à arte passa a ser vital, gênero de primeira necessidade, e que ainda precisa atrelar ao processo criativo e libertário a compreensão das exigências do mercado.

Omar Franco

Eles vivem em uma cidade cujo público ainda carece de formação cultural para identificar as produções como investimento
;Há 38 anos vivo de arte. Comecei como desenhista, pintor e, por fim, escultor. Faço a arte como profissão a vida toda e meu trabalho sempre pagou a minha conta. Sempre comi, bebi e vivi com meu rendimento. Vendo 90% do meu trabalho aqui para a cidade, para edifícios, desde trabalhos de pequenos porte até trabalhos monumentais. Transformei nisso um ato de sobrevivência. Fui economista só por seis meses e professor, mas não gostei da atividade. Porém, é preciso se empenhar, deixar alguns preconceitos de arte ; não vou me submeter, não vou me vender por qualquer coisa. É preciso enfiar a mão no ofício.;

Ricardo StummEles vivem em uma cidade cujo público ainda carece de formação cultural para identificar as produções como investimento
;Já experimentei todas as facetas das artes plásticas. Comecei aos 20 anos. Agora faz 10 anos que abri uma fundição em metal. Trabalho só com escultura em metal, em bronze. Além de desenvolver o meu trabalho, presto serviço para outros artistas. A fundição é aberta aos artistas da cidade. O mercado de arte é restrito, mas vende. Atuando dentro do meu sistema, consigo prestar serviço a outros produtores. Sempre tem muita dificuldade no início, depois as pessoas começam a te procurar. Meu intuito é fazer peças de grande porte e com isso tenho condições de fazer monumentos, obras (esculturas) públicas.;

Ralph Gehre
Eles vivem em uma cidade cujo público ainda carece de formação cultural para identificar as produções como investimento
;É possível, mas não é fácil. Trabalho para poder fazer o meu trabalho. Vivo de arte, mas isso implica desdobrar outras tarefas que são muito próximas, que me roubam tempo e dedicação. Isso é uma conquista de tempo, mas é possível. O que significa na prática: eu faço curadoria, faço texto, me envolvo em algum projeto que está naturalmente relacionado à arte, mas que não necessariamente é o meu projeto. Trabalhos relacionados a arquitetura. Eu me sinto privilegiadíssimo de conseguir dedicar minha vida ao meu trabalho. É algo que eu devo à cidade a forma como meu trabalho é acolhido.;

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