A tecnologia mudou a maneira como o mundo conversa. Se há 200 anos era preciso, no mínimo, uma semana para trocar mensagens entre dois continentes, hoje tudo acontece em tempo real. O planeta conectado trouxe novas formas de comunicação, mais instantâneas e, consequentemente, menos formais. O professor Adelson Marques, que ensina francês na Cooplem, a maior cooperativa de idiomas do Distrito Federal, enxergou na situação contemporânea um diálogo fértil com uma das peças mais celebradas do teatro do absurdo. Em A cantora careca, do dramaturgo franco-romeno Eug;ne Ionesco, um casal visita os amigos e, durante um diálogo surreal no qual deixam claro não se conhecerem, descobrem que, na verdade, são um casal.
Para aproximar a proposta de Ionesco dos tempos modernos, Marques montou uma leitura dramática de A cantora careca com um grupo de 10 alunos do ateliê de teatro que desenvolve com estudantes de francês da Cooplem. A apresentação única acontece na sexta-feira em uma das escolas da cooperativa, na Asa Norte, e reúne no palco Carla Karina, Júlio Paixão e Neide Samico, todos estudantes de francês e responsáveis pelos papeis principais da peça. ;Vamos fazer uma decupagem do texto com uma leitura dramática da cena principal;, avisa Marques.
A cena escolhida foi o diálogo do casal. No palco, Monsieur e Madame Martin começam uma conversa como se fossem desconhecidos. O público sabe que são um casal, que mora debaixo do mesmo teto e que há anos convive. Mas eles parecem não ter muita noção dessa familiaridade e discutem como estranhos. A emprega Marie intermedeia a cena. ;Ionesco faz uma crítica à falta de comunicação entre os seres humanos;, explica Marques. ;Eu quis trazer para os dias de hoje, com tablets, smartfones e whatsapps, que toda hora interrompem a comunicação.;
A cantora careca
De Eug;ne Ionesco. Peça encenada com alunos da Cooplam. Direção: Adelson Marques. Sexta-feira, 21 de março, às 19h, no Cooplem Idiomas (SCRN 711, Bloco C, Loja 50/04). Entrada franca. Classificação indicativa livre.