Nahima Maciel
postado em 27/03/2014 06:02
As viagens acontecem na vida de Carlos Vergara de um modo um pouco ocasional, mas ele trata de transformar a ocasião em imersão. Nada de turismo comum. Quando o artista plástico desembarca em um lugar distante do ateliê no Rio de Janeiro, quer experiências intimistas que o ajudem a vivenciar um pouco da vida e do espírito local. Faz isso colhendo impressões que possa carregar para casa, às vezes com fotografias que depois são distorcidas em suportes que vão da escultura à ilusão de ótica. Outras vezes, prefere os registros em monotipias ; impressões em tecidos e papéis feitas com materiais locais ; , com as quais pode carregar para casa as características físicas da região. Sudário, em cartaz no Museu Nacional da República, é fruto da sina colecionadora de imagens e experiências de Vergara. ;Toda vez que faço uma monotipia, quando coloco o lenço falo ;oremos;, porque nunca sei o que vai acontecer;, avisa. ;Viajar, para mim, é ficar à mercê do lugar, do desconhecido.;
Um dos expoentes da vanguarda carioca, o artista nascido em Santa Maria há 72 anos enxerga o visitante como um convidado e a exposição como um conjunto de estímulos visuais que podem provocar a reflexão sobre as mais diversas temáticas. Ele não gosta de direcionar o olhar ou de deixar tudo explicadinho para o público. Por isso, nem sempre as associações entre as monotipias colhidas pelo mundo e a motivação que as gerou estão explicitadas. ;A exposição é um convite, não uma lição. Nem uma aula. É um convite à aventura de ver o invisível do visível;, brinca Vergara. ;A arte serve para estimular e treinar o olhar para ser poético.;
Sudário
Exposição de Carlos Vergara. Visitação até 11 de maio, de terça a domingo, das 9h às 18h30, no Museu Nacional da República (Complexo Cultural da República).
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