postado em 30/03/2014 08:00
As mechas cor-de-rosa em destaque pelos longos cabelos escuros constituem um sinal. A coloração, ainda atribuída às mulheres, está na cabeça de Lovelove6, artista feminista de Brasília que trata o universo do sexismo em suas obras. A ilustradora, que tem o nome de batismo Gabriela Masson, 24 anos, mira seus desenhos, considerados polêmicos e, em determinadas ocasiões, até despudorados, contra o machismo implícito na mídia e no cotidiano. Suas publicações em zines e em quadrinhos têm repercutido nas redes sociais e Brasília afora.
Ferrenha em proteger o suposto sexo frágil, a estudante de artes plásticas da Universidade de Brasília (UnB) é a autora dos volumes 1 e 2 de A ética do tesão na pós-modernidade, de tiras no Batata frita murcha e da história em quadrinhos Garota siririca. Os projetos, publicados como zines na internet, tocam um universo ainda desconfortável para boa parte dos leitores, sejam homens, sejam mulheres: nudez, sexismo e erotismo femininos.
À primeira vista, o conteúdo dos zines pode ser impactante. Contrariamente à aparência de timidez que demonstrou durante entrevista ao Correio, a artista faz tiras e desenhos que transcendem a nudez e o erotismo, sempre envolvendo personagens do sexo feminino em situações explícitas. ;Quero passar a mensagem de que as mulheres são autônomas e autossuficientes no que diz respeito ao prazer delas. Tento estimular a reflexão acerca de diversas questões que envolvem a sexualidade, sempre visando cenário de igualdade e respeito;, apontou Lovelove6.
Receptiva às críticas que inevitavelmente recebe ; inclusive, dedica parte do tempo livre para rebatê-las na internet, principalmente quando partem de homens;, a quadrinista sabe que seus desenhos tocam território polêmico. ;O Brasil é moralista e conservador, em geral, mas, ao mesmo tempo consome muita pornografia, estimulando comportamentos sexualizados, rebaixando as mulheres, seja em propagandas de turismo, seja em novelas. Acaba sendo contraditório transformar a sexualidade feminina num tabu;, criticou, antes mesmo de citar que o carnaval é uma comercialização do corpo feminino.
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