postado em 09/04/2014 19:04
A Cadeira 23 da Academia Brasileira de Letras (ABL), que tem como fundador Machado de Assis, o primeiro presidente da instituição, volta a ser ocupada a partir desta quarta-feira (9/4) por um romancista. Eleito em 7 de novembro do ano passado, o escritor baiano Antonio Torres toma posse às 21h, em solenidade no Petit Trianon, sede da ABL, na cadeira que já teve como ocupantes dois conterrâneos seus, Otávio Mangabeira (1886-1960) e Jorge Amado (1912-2001).
Jorge Amado foi sucedido na Cadeira 23 por sua viúva, a também escritora Zélia Gattai (1916-2008) e esta pelo jornalista e musicólogo Luiz Paulo Horta, falecido em 3 de agosto de 2013. Eleito com 34 dos 39 votos possíveis, Antonio Torres já havia tentado ingressar na academia em 2011, mas na ocasião foi derrotado pelo jornalista Merval Pereira Filho.
Nascido em 1940 em um povoado chamado Junco, hoje cidade de Sátiro Dias, no sertão da Bahia, Torres estudou em Salvador, onde começou a trabalhar como repórter no Jornal da Bahia. Também foi publicitário em São Paulo, antes de se radicar no Rio de Janeiro.
Sua estreia na literatura ocorreu em 1972, com o romance Um Cão Uivando para a Lua. Desde então, publicou mais 16 obras, entre elas os romances Essa Terra (1976) e Um Táxi para Viena D;Áustria (1991), ambos traduzidos para o francês.
Considerada uma obra-prima, Essa Terra, romance que aborda o êxodo dos nordestinos em busca de uma vida melhor no Sudeste e Sul do país, abriu caminho para a carreira internacional do escritor baiano. Ele hoje tem livros publicados na França, na Alemanha, na Itália, na Inglaterra, na Holanda, na Espanha, em Portugal, nos Estados Unidos, em Israel, em Cuba e na Argentina. Em 1998, foi condecorado pelo governo francês com o título de Chevalier des Arts et Lettres.
Antônio Torres também importantes prêmios literários, entre eles o Machado de Assis, da própria ABL, concedido em 2000 e o Jabuti, em 2007. Os romances e livros de contos do escritor têm como cenários a vida urbana ou a história do Brasil, como é o caso de Meu Querido Canibal (2000), que relata a saga dos índios tamoios na época da fundação da cidade do Rio de Janeiro.