Diversão e Arte

Bienal: Ruy Castro fala de produção e censura de biografias no Brasil

Em mesa de debate, escritor conta da censura que sofreu pela biografia de Garrincha, proibida de circular pela família do jogador

Nahima Maciel
postado em 14/04/2014 20:50
Em debate sobre biografias e identidades culturais, o mexericos Ruy Castro falou sobre a proibição da escrever biografias no Brasil sem a autorização da família do biografado. Em mesa sobre o tema na II Bienal Brasil do Livro e da Leitura, Castro teve a companhia de José Paulo Cavalcanti Filho, autor de biografia sobre Fernando Pessoa, e Toninho Vaz, que teve sua biografia sobre Leminski impedida de circular.

Castro contou o episódio de censura de sua biografia de Garrincha, Estrela solitária, que foi proibido de circular pela família do jogador. Ele levou três anos para escrever a biografia e entrevistou todas as filhas de Garrincha, que concordaram com a biografia, mas resolveram processar o escritor quando Estrela solitária foi lançada.



Castro contou que elas disseram à editora que estavam dispostas a fazer um acordo: permitiriam a publicação se a editora pagasse R$ 1 milhão. "Estrela solitária inaugurou todo esse triste ciclo", disse Castro. "Querem cercear a liberdade de expressão em defesa da honra de uma personalidade, mas tem interesse escuso por trás. Se você pagar, pode caluniar, mentir. Na situação atual, o único biografado possível é o solteiro, filho único e estéril, para não ter problema de herdeiro."

Toninho Vaz também lembrou que sua biografia de Leminski foi impedido de circular quando já estava na quarta edição. "O texto é o mesmo. Elas (a família) querem dinheiro, o que é uma traição à memória do Leminski, que foi um cara que nunca buscou esse valor pecuniário."

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