Severino Francisco
postado em 17/04/2014 07:01
As reivindicações do movimento de protesto dos que saíram às ruas, em junho do ano passado, não foram atendidas, mas permanecem ecoando. Elas animam um dos debates aguardados com maior expectativa, na programação da Bienal do Livro e da Leitura, a ser realizado, nesta sexta (18/4), às 20h30: Cidades rebeldes: o povo nas praças e a crise dos modelos de representação política, com a participação de Vladimir Safatle, Ermínia Marcato, James Holston e José Jorge Carvalho. Em entrevista ao Correio, o filósofo Vladimir Safatle fala sobre o explosivo tema.
Em que medida a irrupção de movimentos de reivindicação social é um fenômeno provocado pela internet e as novas tecnologias de comunicação?
Acho que a questão de serem mobilizados pela internet não é o essencial. Reflete apenas certo estágio da tecnologia atual. O mais importante é que está havendo uma irrupção de pautas que estavam completamente abandonadas pela política nos últimos anos.
Como vê a aparição de vândalos nas manifestações? Não é algo que prejudica o movimento de reivindicações das ruas?
Não chamaria de vândalos, embora possam ter uma atitude equivocada. Seria uma desqualificação. Existe uma raiva social muito grande, mas ela tem legitimidade, não é uma violência gratuita. As pessoas saíram às ruas para reivindicar pautas muito claras: saúde, educação, transporte mais barato e democracia. O que a classe política fez para dar uma resposta a essas demandas? Nada, absolutamente nada. Se as reivindicações tivessem sido atendidas, seria possível se falar em vandalismo.
De que maneira esses movimentos afetam o sistema de democracia parlamentar?
Cresce a consciência de que a democracia parlamentar representativa tem limites muito claros e é preciso reinventar a democracia no sentido mais direto e real.
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