Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Johnny Depp deixa as fantasias de lado no thriller 'Transcendance'

O ator, de 50 anos encarna um cientista que passa a ter o cérebro guiado por um computador pouco antes de sua morte



Questionado sobre o possível interesse nas pesquisas sobre inteligência artificial, o ator foi irônico: "Como eu não tenho inteligência, a única coisa que posso esperar é adquirir de forma artificial ou superficial". Em seguida, em um tom mais sério, admitiu que "sempre é mais difícil interpretar um personagem próximo de você mesmo fisicamente". "Sempre tento esconder-me porque não suporto minha imagem", revelou. "Acredito que é importante mudar e fazer com que as coisas sejam mais interessantes para o personagem".

Depp disse ainda que o filme não é reduzido apenas aos atores. "Existe a proposta do autor, a visão do diretor e depois você (o ator), com ideias e desejos próprios. É uma colaboração", afirmou. O ator disse que entendeu que "não precisaria de cabelos rosa, um nariz de palhaço e sapatos de Ronald McDonald" para fazer "Transcendance".

O filme tem direção de Wally Pfister, em sua estreia como cineasta, depois de ter trabalhado como diretor de fotografia de Christopher Nolan nos três filmes de "Batman" e em "A Origem", que lhe rendeu um Oscar em 2011. "O que me deu mais medo foi a escolha de um bom tema", disse Pfister. "Quando você toma uma decisão tão arriscada na vida tem que prestar muita atenção ao tema que deseja tratar e à história que vai contar".

Para o diretor, o núcleo do filme é baseado nos extremos entre o humano e a máquina, assim como entre o digital e o analógico. Além disso, existe um ingrediente ecológico, graças a personagem de Rebecca Hall, convencida de que a tecnologia deveria ajudar a salvar o planeta. "Se criamos as nanotecnologias, se teremos as máquinas mais potentes do mundo, por quê não utilizá-las para remediar alguns erros que cometemos?", questiona Pfister.

Depp admitiu que não tem proximidade com o personagem que interpreta. "Há algo que não funciona comigo e a tecnologia", confessou com um sorriso. "É algo com o que não estou familiarizado e meu cérebro é muito velho para entender alguma coisa". "Me sinto um idiota quando tento fazer algo com meus dedos", disse, enquanto simulava escrever algo com o telefone celular. "Então eu tento evitar o máximo possível. Para proteger meus dedos, obviamente", completou com outra risada.