Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Ana Paula Maia e Raphael Montes participam da mesa neste sábado na Bienal

Os escritores cariocas Ana Paula Maia e Raphael Montes participam hoje da mesa A nova geração de ficcionistas brasileiros



Raphael Montes atendeu ao pedido da mãe: depois de escrever um romance sobre um grupo de amigos que brinca de roleta russa com uma arma, ele se debruçou sobre algo mais leve. Em Dias perfeitos, seu personagem vive histórias de amor. Com cadávares. Téo é um soturno estudante de medicina que se encanta pelos cadáveres da aula de anatomia. O ambiente um tanto mórbido faz um diálogo interessante com Edgar Wilson, o protagonista de De gados e homens, de Ana Paula Maia. No romance da carioca, o personagem é um atordoador de gado em um abatedouro. É dele a função de assustar os bichos para evitar que percebam a pancada responsável por matá-los. Sem susto, a carne fica mais macia.

Os cariocas Ana Paula Maia e Raphael Montes participam hoje da mesa A nova geração de ficcionistas brasileiros na II Bienal Brasil do Livro e da Leitura. Eles são considerados pela crítica como a nova cara da ficção contemporânea brasileira e dividem mais do que uma classificação genérica: Montes e Ana Paula são autores de narrativas de ficção dinâmicas, nas quais a psicologia do personagem é importante, mas está diluída pela escrita. ;Os personagens me motivam a escrever. Eles são meus companheiros de ficção;, avisa Ana Paula. ;Não gosto de dramas existenciais excessivos, mas qualquer ser humano tem seus dramas pessoais e questionamentos intimistas. A realidade em que se passam minhas histórias não deixa espaço para divagações, mas as ações é que movem os personagens e suas atitudes os condicionam.;

[SAIBAMAIS]

Edgar Wilson não é novo na narrativa de Ana Paula. Ele está em Carvão animal, cuja história se passa em um crematório. Crua e rígida com seus personagens, a autora estreou com O habitante das falhas subterrâneas, em 2003, e desde então tece um mosaico no qual não há espaço para muita reflexão sobre a existência. Tudo é muito direto na escrita de Ana Paula, que navega num espaço pouco explorado na literatura brasileira, assim como o gênero policial orquestrado por Raphael Montes.

Dias perfeitos, no entanto, carrega um certo humor que não existe na narrativa de Ana Paula. O jovem Téo tem um apreço por Gertrudes, um dos corpos do laboratório de anatomia. ;Era Gertrudes. Ao olhar a pele ressecada, o nariz fino, a boca seca cor de palha, não concebia outro nome.; Mas quando Téo conhece Clarice, uma roteirista de cinema, e se apaixona, tudo fica bem complicado. ;É um suspense de amor obsessivo sob a visão do psicopata;, avisa o autor, que tem 23 anos e encara o gênero policial como um terreno fértil, mas ainda pouco povoado na ficção brasileira.

Leia mais notícias em Diversão e Arte

Para ele, a nova geração de ficcionistas é variada e não pode ser abrigada sob um mesmo guarda-chuva. Ela vem embalada pela diversidade como marca mais distintiva. E o gênero policial ainda é uma trilha a ser explorada, pois ele não se afirmou como ocorre na maioria dos países.

A matéria completa está disponível aqui, para assinantes. Para assinar, clique aqui.